Escola Politécnica

internacionalização

Estudantes de Jogos Digitais contam sua experiência de intercâmbio na Holanda

A série Politécnica pelo mundo mostra experiências de estudantes da PUCPR em atividades de intercâmbio nos mais diversos países, entre as muitas universidades conveniadas com a PUCPR.

Nesta entrevista conversamos com dois estudantes, Mateus Dantas de Souza e Paulo Enrique Cassinelli, do curso de Jogos Digitais, que inauguraram o intercâmbio para a universidade Fontys, no Câmpus de Stappegoor, em Tilburg, no sul da Holanda.

Segundos os estudantes, esse Câmpus, com salas e arquitetura bem modernas, tem 5 blocos universitários, menores que os da PUCPR, mas tão completos quanto, com espaços que contam com mesas com tomadas, TVs, sofás e até mesa de sinuca, para se divertir com os amigos, revisar a matéria ou fazer reuniões.

A Fontys é uma universidade de ciências aplicadas que prepara estudantes para se tornarem criadores de impacto, autênticos e engajados, profissionais criativos para a nova economia, que possam iniciar transições ligando a sua criatividade ao empreendedorismo e à consciência social. Os programas de estudo focam totalmente na chamada economia criativa, comportamento ágil, sustentável e humano, sendo o ensino fortemente baseado em aprendizagem por projetos. 

Fique agora com as entrevistas dos intercambistas:

Mateus Dantas de Souza

Foto nos canais de Utrecht, uma das maiores e mais bonitas cidades da Holanda. O maior hub de trens do país.

PUCPR: Como foi a chegada na Holanda e o processo de instalação/adaptação?
Mateus: A chegada foi um grande choque! Já que eu nunca tinha morado sozinho, tive o desafio de ir “do zero ao cem” quando se trata de independência, mas meu dia a dia foi tranquilo, já que sempre fui muito organizado.

Eu precisei de um tempo para me adaptar à nova cidade e de fato a residência é o grande desafio da Holanda. Como eles estão em meio a uma crise imobiliária, achar uma casa pode ser cansativo e certamente será custoso.

A Fontys me ajudou a encontrar um apartamento, mas tive que ser rápido já que muitos estudantes, especialmente europeus, vão ao país todo semestre e passam semanas procurando um lugar para morar. Recomendo encontrar o lugar daqui (Brasil) com a maior antecedência possível.

Chocolate personalizado da Universidade, no saguão do meu bloco.

PUCPR: Como foram os preparativos para a viagem?
Mateus: Fiz uma pasta de documentos, esperando que a imigração fosse difícil. Felizmente não foi, mas recomendo preparação.

Financeiramente, caso no processo de visto você tenha mandado dinheiro para a universidade, recomendo uma reserva de emergência e, se possível, um plano de internet móvel internacional, pelo menos no primeiro mês. Recomendaria pesquisar serviços e preços, como aluguel de bicicleta, celulares, banco e outras coisas essenciais da vida adulta.

Importantíssimo é ter um bom plano de voo, estar ciente de sua conexão e arrumar suas malas de maneira eficiente, para que mesmo em caso de revista completa, você consiga abrir e fechar a mala com facilidade e não correr riscos.

PUCPR: E as aulas na Fontys, como foram as disciplinas e o idioma?
Mateus: Quanto ao idioma, eu tive facilidade. O holandês é um povo muito cosmopolita e o inglês deles é fácil de entender. Sempre ressalto que há diversas nacionalidades, portanto, alguns colegas de sala vão ter sotaques diferentes.

Já sobre as aulas, o sistema é bem diferente da PUCPR. A começar que as notas vão de 0 a 10, mas a nota perfeita é 8. E para tirar o 10, você precisa superar as expectativas do professor. As aulas se davam em um ambiente que incentivava o profissionalismo, com tutores no lugar de professores, o que forçava os alunos a uma postura mais empresarial.

PUCPR: Durante o período do intercâmbio, passou por alguma encrenca?
Mateus: Além de momentos com aperto financeiro, eu passei por uma história engraçada com final feliz, mas que foi assustadora de início. Saí de Tilburg às 19h com destino a Berlim. Infelizmente meu trem estava atrasado 5 minutos, o que me fez perder o próximo. Com mais um trem cancelado, eu já somava mais de uma hora em atrasos. Por fim, levei 3 horas até a fronteira da Holanda, em um trecho de uma hora, e tive o trem para a Alemanha cancelado, gastando mais uma hora e meia para voltar para casa. Foi difícil e triste, mas me recompus. Na manhã seguinte tentei de novo e tive uma das melhores experiências desse período todo.

PUCPR: E a parte social, fez muitos colegas locais ou estrangeiros?
Mateus: Os europeus têm diversos passos entre conhecidos e amigos; demandam uma certa “finesse”. Os holandeses em específico, por estarem muito acostumados com estrangeiros, normalmente preferem contato entre eles.

Fiz muitas amizades com estudantes do leste europeu e de outros continentes. Norte-americanos e australianos, se aproximam mais do estilo de socialização do brasileiro, então fiz várias amizades com esse pessoal.

PUCPR: Conseguiu passear pela Holanda ou outros países? Poderia comentar algum passeio ou situação inusitada, diferente, que foi engraçada ou desafiadora?
Mateus: Durante esse período visitei cinco países. De todas as minhas viagens eu sempre gosto de mencionar a primeira vez que fui a Berlim. Sou apaixonado por festivais musicais e pude ir ao Lollapalooza Berlim (o brasileiro é melhor), mas o que me marcou de verdade, é toda a história sem igual daquela cidade, que viveu demais.

PUCPR: A Holanda é conhecida pelo grande uso de bicicletas. Uma curiosidade: chegou a adotar a prática? Como era seu meio de transporte?
Mateus:  Eu já era ciclista no Brasil, pedalei durante toda a faculdade. Quando cheguei a Holanda, aluguei uma bicicleta e ela foi meu meio de transporte principal durante todo o semestre. Devido a infraestrutura de lá, a sensação é de dirigir um carro, já que tem pistas e semáforos exclusivos, preferenciais e até mesmo, faixas na esquerda e na direita para ultrapassagem.
Tem uma foto da bike dele

Em uma manhã de inverno.

PUCPR: Como você avalia a experiência agora que já está de volta ao Brasil há alguns meses (fev/24)?
Mateus: O intercâmbio foi a minha maior aventura, uma experiência sem igual. Sou muito grato e fascinado por tudo que vivi nesse período e mesmo que tenha sido doloroso em alguns momentos, durante a preparação e a viagem em si, mudou minha vida e faria tudo de novo!

PUCPR: Teria feito algo diferente antes de ir ou mesmo durante? Tem algumas dicas para os estudantes que estão se planejando para fazer intercâmbio?
Mateus: Confiem no processo, não sofram por antecedência, respeitem as datas e tudo dará certo. Um grande conselho para quem vai a Europa é: procure viajar sozinho antes no Brasil, se acostume a ser independente, solo traveling não é fácil e, se ambientar antes, ajuda a estar preparado.

Paulo Enrique Cassinelli

PUCPR: Como foi a chegada na Holanda, o processo de instalação, encontrar residência? Agora que você já está no meio do intercâmbio (mai/24), se sente adaptado com o dia a dia de intercambista?
Paulo: O processo de instalação é um pouco chato, mas longe de ser difícil. Para encontrar residência, a própria Fontys tem parceria com algumas propriedades da cidade para as quais você se inscreve com antecedência e com isso consegue alugar casas estudantis com preços bem acessíveis.

Eu demorei aproximadamente 1 mês até conseguir conhecer o suficiente da cidade para me adaptar a rotina de morar sozinho aqui. Tem sido uma experiência muito gratificante, eu estou dividindo a minha casa com outros 4 estudantes e acho que tive muita sorte de morar com pessoas muito organizadas e legais de se conviver.

Vista do meu quarto em Tilburg

PUCPR: Quais foram os preparativos essenciais antes da viagem? Chegou a pegar alguma dica com o Mateus?
Paulo: Além da documentação que é requisitada eu tive que me planejar em relação a tratamento de saúde e medicação. Também tentei aprender o básico de holandês para conseguir me virar um pouco mais além do inglês. O Mateus já era meu amigo e me incentivou a fazer o intercâmbio, eu conversei com ele durante praticamente o processo todo e honestamente foi muito mais tranquilo e menos estressante por causa disso.

PUCPR: Como estão sendo as aulas na Fontys? Muito diferente do que temos aqui no Brasil e na PUCPR?
Paulo: Não sei dizer se todos os cursos da Fontys têm a mesma dinâmica, mas no meu, os professores são mentores e é muito interessante discutir ideias e ganhar feedbacks valiosos. Estou cursando disciplinas de Design Gráfico e o curso é totalmente focado no desenvolvimento de projetos. Nós não somos avaliados com provas ou algo assim, porém temos rubricas para os projetos, similar ao que é feito na avaliação da disciplina de Leitura e Escrita Acadêmica na PUCPR.

Foto minha no gramado do campus da fontys
No gramado da Fontys

PUCPR: Já passou por algum desafio ou problema em especial no país ou na universidade?
Paulo: Eu tenho que admitir que me bati algumas vezes com o transporte, pegando um táxi caro demais ou o trem errado e acabei indo parar em outra cidade. Tive algumas situações com projetos em grupo, mas isso acontece até no Brasil, faz parte, então já estou acostumado. Em todos os momentos eu sempre tive alguém para me apoiar e isso ajuda demais.

PUCPR: Como está indo a parte social, tem colegas de outros países ou da própria Holanda?
Paulo: A Fontys tem muitos estudantes estrangeiros, a minha própria turma é composta majoritariamente por estrangeiros de todas as partes do mundo: Rússia, Coreia, Turquia, Latvia, mundo árabe; tem muita gente diferente e eu adoro essa mistura cultural. Já trouxe duas vezes grupos de amigos em casa para experimentar o estrogonofe brasileiro e, é claro, o brigadeiro de sobremesa. Obviamente, todos gostaram muito.

Foto do strogonoff com os amigos na minha casa (Nazli da turquia, Thijme da Holanda e Vika do Quirguistão)
Foto do strogonoff com os amigos na minha casa (Nazli da Turquia, Thijme da Holanda e Vika do Quirguistão)

PUCPR: Poderia comentar se teve algum passeio ou situação inusitada, engraçada ou desafiadora?
Paulo: Bem perto da cidade de Tilburg tem um parque temático de fadas e folclore europeu, chamado Efteling, que serviu de inspiração para o Walt Disney criar os parques da Disney. O parque é muito legal, desde as decorações e personagens, tudo é muito bem-feito. Tem algumas coisas engraçadas e esquisitas, como uma estátua de um burro que atira moedas douradas ou lixeiras em formato de pessoas, que suga o lixo pela boca como um aspirador. É definitivamente uma experiencia única, em comparação com qualquer outro parque que eu já visitei.

Foto do burro que atira moedas douradas no parque Efteling

PUCPR: Como você avalia a experiência até este momento?
Paulo: Eu deixei de ser um estudante brasileiro e me tornei momentaneamente um estudante europeu, mas não é uma mudança tão grande. A troca de ambiente e o espaço que eu ganhei aqui me deram a oportunidade de me entender melhor e entender o que eu tenho vontade de seguir e fazer.

Aqui tive a chance de perceber perspectivas diferentes e refletir sobre elas, de me sentir mais confiante e ser capaz de voltar ao Brasil com uma motivação maior de seguir o futuro que eu quero para mim.

PUCPR: Tem saudade de algo do Brasil?
Paulo: A comida sem pensar duas vezes. A Holanda é um ótimo país para morar e a qualidade de vida é excelente, mas a culinária holandesa deixa a desejar, na minha opinião. A primeira coisa que eu vou fazer quando chegar no Brasil é ir em uma churrascaria com a minha família, rs.


Na PUCPR, você experimenta ir além com oportunidades internacionais

Para ficar por dentro de tudo o que acontece quanto à Internacionalização, na página do PUCPR International, estão os editais de intercâmbio, manuais, contatos e demais informações úteis.

Dúvidas gerais sobre intercâmbio, entre em contato com [email protected].

Dúvidas específicas sobre Internacionalização na Escola Politécnica, fale com o Prof. Henri, agente de internacionalização, pelo e-mail [email protected].

Novidades sempre atualizadas sobre o curso de Jogos Digitais, como os jogos produzidos pelos estudantes, os eventos do curso, as Jams, jogatinas e todo o universo dos Games na PUCPR fique de olho no blog do curso:  https://blogs.pucpr.br/jogosdigitais/ 

Veja também: Como fazer intercâmbio de Engenharia de Software?

Participe da atividade de conscientização e estímulo a colaborações internacionais! A atividade é aberta a todos e será do Auditório Bento Munhoz do Bloco 9. Mais detalhes:
https://blogs.pucpr.br/jogosdigitais/2024/05/02/jogos-no-mundo24/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *