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Inovação

Curitiba a cidade mais inteligente do mundo no World Smart City Awards. Mas o que ainda precisamos melhorar?

Texto de Denis Alcides Rezende, professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da PUCPR e pós-doutor em Strategic Digital City – DePaul University – Chicago – USA

jardim botânico
Imagem de Jerzy Andrzej Kucia por Pixabay

O prêmio, concedido pela Fira Barcelona, que é uma organização formada pela Câmara Municipal de Barcelona, pelo Governo Catalão e pela Câmara de Comércio de Barcelona, que combina a propriedade pública com a gestão empresarial autônoma.

As demais cidades finalistas foram Barranquilla (Colômbia), Cascais (Portugal), Izmir (Turquia), Makati (Filipinas) e Sunderland (Reino Unido).

Bom lembrar que existem diferentes organizações mundiais, todos elas com indicadores distintos e interesses peculiares próprios.

O referido prêmio enfatizou as inovações tecnológicas e de sustentabilidade das cidades.

Indubitavelmente o prêmio é relevante para Curitiba, principalmente sob o viés político o que sugere que os próximos gestores públicos fiquem atentos a manutenção e os avanços tecnológicos e sustentáveis.

Porém, não apenas as questões tecnológica e sustentável contemplam uma cidade, ainda precisamos integrar as demais temáticas municipais, por exemplo: saúde, educação, segurança, habitação, social, transporte, esporte, cultural, economia, comércio, indústria, serviços, turismo e tantas outras (não me refiro aqui a Secretarias Municiais).

No contraponto, se olharmos a cidade como um todo, multifacetada, ainda temos desafios e problemas básicos em Curitiba, especialmente nos bairros “menos nobres”.

Por exemplo:

– Segurança questionável;

– Questões sociais não resolvidas;

– População em situação de rua;

– Descontinuidade de acolhimento de deficientes físicos;

– Mobilidade dificultada;

– Transporte público caro;

– Ciclovias inadequadas;

– Calçadas quebradas e com pouca acessibilidade;

– Ruas sem sinalização;

– Iluminação deficiente;

– Saneamento básico incompleto;

– Infraestruturas de drenagem inacabadas;

– Moradias insuficientes;

– Urbanizações incompletas.

 

Retornando ao respectivo prêmio recebido, ainda precisamos dar atenção para dois desafios:

(1). Quanto aos serviços públicos com inovações tecnológicas, é necessário:

– Ampliar opções oferecidas;

– Facilitar uso (desburocratizar, agilizar); e

– Incluir “todos” os cidadãos na internet, pois nem todos os Curitibanos tem acesso ou sabem usar os recursos tecnológicos e sustentáveis disponíveis.

(2). Tanto para Curitiba como para as outras cidades brasileiras, Estados e País, não temos a cultura de pensar estrategicamente, ou seja, não fazemos o Planejamento Estratégico, que permite olhar a cidade de forma integrada por muito mais de 4 anos, o que é diferente dos Planos de Governos e dos Planos Diretores de Cidades, que até podem ter ações estratégicas, mas não formalizam objetivos e estratégias de longo prazo, independente de seus respectivos governos.

Muito além das questões tecnológicas das “smart cities”, um conceito moderno e internacionalizado é de “cidade digital estratégica (strategic digital city)” que considera projetos integrados de todas as temáticas municipais e contempla: estratégias municipais; informações da cidade; serviços públicos oferecidos aos cidadãos; e aplicações dos recursos da tecnologia da informação. Esse conceito está direcionado a ampliação da qualidade de vida dos cidadãos e também no auxílio a gestão da cidade de maneira inteligente, participativa, oportuna, inclusiva, sustentável e estratégica.

Assim, todos nós, cidadãos e gestores, ainda temos muito que trabalhar, preferencialmente juntos e participativamente, com inteligência pública e privada.

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