Texto de Denis Alcides Rezende, professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da PUCPR e pós-doutor em Strategic Digital City – DePaul University – Chicago – USA
O prêmio, concedido pela Fira Barcelona, que é uma organização formada pela Câmara Municipal de Barcelona, pelo Governo Catalão e pela Câmara de Comércio de Barcelona, que combina a propriedade pública com a gestão empresarial autônoma.
As demais cidades finalistas foram Barranquilla (Colômbia), Cascais (Portugal), Izmir (Turquia), Makati (Filipinas) e Sunderland (Reino Unido).
Bom lembrar que existem diferentes organizações mundiais, todos elas com indicadores distintos e interesses peculiares próprios.
O referido prêmio enfatizou as inovações tecnológicas e de sustentabilidade das cidades.
Indubitavelmente o prêmio é relevante para Curitiba, principalmente sob o viés político o que sugere que os próximos gestores públicos fiquem atentos a manutenção e os avanços tecnológicos e sustentáveis.
Porém, não apenas as questões tecnológica e sustentável contemplam uma cidade, ainda precisamos integrar as demais temáticas municipais, por exemplo: saúde, educação, segurança, habitação, social, transporte, esporte, cultural, economia, comércio, indústria, serviços, turismo e tantas outras (não me refiro aqui a Secretarias Municiais).
No contraponto, se olharmos a cidade como um todo, multifacetada, ainda temos desafios e problemas básicos em Curitiba, especialmente nos bairros “menos nobres”.
Por exemplo:
– Segurança questionável;
– Questões sociais não resolvidas;
– População em situação de rua;
– Descontinuidade de acolhimento de deficientes físicos;
– Mobilidade dificultada;
– Transporte público caro;
– Ciclovias inadequadas;
– Calçadas quebradas e com pouca acessibilidade;
– Ruas sem sinalização;
– Iluminação deficiente;
– Saneamento básico incompleto;
– Infraestruturas de drenagem inacabadas;
– Moradias insuficientes;
– Urbanizações incompletas.
Retornando ao respectivo prêmio recebido, ainda precisamos dar atenção para dois desafios:
(1). Quanto aos serviços públicos com inovações tecnológicas, é necessário:
– Ampliar opções oferecidas;
– Facilitar uso (desburocratizar, agilizar); e
– Incluir “todos” os cidadãos na internet, pois nem todos os Curitibanos tem acesso ou sabem usar os recursos tecnológicos e sustentáveis disponíveis.
(2). Tanto para Curitiba como para as outras cidades brasileiras, Estados e País, não temos a cultura de pensar estrategicamente, ou seja, não fazemos o Planejamento Estratégico, que permite olhar a cidade de forma integrada por muito mais de 4 anos, o que é diferente dos Planos de Governos e dos Planos Diretores de Cidades, que até podem ter ações estratégicas, mas não formalizam objetivos e estratégias de longo prazo, independente de seus respectivos governos.
Muito além das questões tecnológicas das “smart cities”, um conceito moderno e internacionalizado é de “cidade digital estratégica (strategic digital city)” que considera projetos integrados de todas as temáticas municipais e contempla: estratégias municipais; informações da cidade; serviços públicos oferecidos aos cidadãos; e aplicações dos recursos da tecnologia da informação. Esse conceito está direcionado a ampliação da qualidade de vida dos cidadãos e também no auxílio a gestão da cidade de maneira inteligente, participativa, oportuna, inclusiva, sustentável e estratégica.
Assim, todos nós, cidadãos e gestores, ainda temos muito que trabalhar, preferencialmente juntos e participativamente, com inteligência pública e privada.