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Experiência

Manual de instrução em realidade virtual: é verdade esse “bilete”

Depois de conhecer a experiência em realidade aumentada desenvolvida para o curso de Engenharia Elétrica, você nunca mais vai olhar um manual de instrução da mesma forma

pessoa usando o óculos de realidade aumentada
Foto de fauxels por Pexels

E se todos os manuais de instrução fossem virtuais e interativos? Não estamos falando apenas de uma versão digital em .pdf do mesmo arquivo que costuma ser impresso e ir junto com a embalagem dos produtos. Aqui, estamos nos deixando levar por um simples exercício criativo. Imaginar manuais capazes de mostrar o que fazer quando você está com o aparelho em mãos, sinalizando exatamente que botão apertar e para quê. Será possível?

Para os estudantes de Engenharia Elétrica da PUCPR, essa não é mais uma possibilidade tão distante. Pelo contrário, já está com os dias contados para se tornar parte das aulas. Ao menos com dois equipamentos que são essenciais no dia a dia de trabalho de eletricistas e engenheiros desse segmento.

Agora sim, estamos falando de algo que se concretizou: um Treinamento de Instrumentos de Medição em realidade aumentada. Inovação que resulta do trabalho de uma equipe multidisciplinar, que está envolvida com o lançamento do Centro de Realidade Estendida da PUCPR. Espaço que ocupará um andar inteiro de um dos prédios do Câmpus Curitiba e parte da Arena Digital. E que será apresentado à comunidade no dia 5 de junho de 2023.

Como funciona a experiência imersiva?

“A ideia é que o estudante possa interagir e treinar com os instrumentos da forma mais autônoma possível. E repetir o treinamento, quantas vezes forem necessárias, até que atinja um nível suficiente de proficiência”, explica Voldi Costa Zambenedetti, professor da graduação em Engenharia Elétrica, com uma vasta bagagem de conhecimentos em sistemas eletrônicos de medida e de controle.

Ou seja, a partir da instrução introdutória com o professor da disciplina e da compreensão do funcionamento da experiência imersiva, o estudante poderá praticar mais vezes, sem necessariamente estar com o docente o acompanhando. Para isso, ele deve utilizar os óculos de realidade mista e estar com o aparelho que deseja estudar em mãos.

Dentro da grade curricular, esse conhecimento está situado no tópico de eletroeletrônica. E tem por objetivo preparar o estudante para o manejo de instrumentos básicos de medição. Principalmente o multímetro e o osciloscópio.

Para que servem esses instrumentos?

Em resumo, o multímetro permite medir os valores da tensão e da corrente elétrica. Por isso, pode ser utilizado como medidor da corrente contínua, da corrente alternada e também da resistência.

O osciloscópio, por sua vez, permite checar quando um circuito elétrico está funcionando ou não. Assim, ajuda a identificar eventuais peças defeituosas. E onde está o problema que precisa ser resolvido.

“Estes instrumentos são utilizados praticamente em todo o trabalho com circuitos elétricos e eletrônicos, não apenas academicamente, mas também profissionalmente. O uso correto destes instrumentos é importante tanto para a questão de Segurança do Trabalho, quanto na qualidade dos dados que são obtidos com seu uso”, destaca o professor.

União da teoria com a prática

O professor Voldi explica que a utilização de instrumentos de medição envolve um conhecimento teórico prévio, para entender que tipo de resultado se pretende alcançar. Bem como uma habilidade manual para seu manuseio. “A junção destas duas habilidades, sem uma supervisão presencial, tende a ser a parte mais difícil de mostrar e conseguir uma boa resposta do estudante”, afirma.

Daí que veio a ideia de aproveitar a realidade estendida para elaborar uma experiência imersiva. Uma alternativa para auxiliar os estudantes na assimilação das instruções sobre os componentes de cada aparelho, suas funções e como usá-los. Tudo isso de uma maneira bem visual e didática. E que, além disso, incentiva o protagonismo do estudante em sua própria trajetória de aprendizagem.

A professora Cinthia Spricigo foi uma das participantes que ajudou a dar vida a esse projeto. Ela é integrante do Centro de Ensino e Aprendizagem da PUCPR (CrEAre) e faz parte da equipe responsável pelo desenvolvimento do Centro de Realidade Estendida.

Cinthia relata que, no caso da experiência de Engenharia Elétrica, o objetivo era criar um guia virtual de uso de equipamentos, que pudesse interagir com o mundo real. Ou seja, um manual bem diferente daqueles em papel que estamos acostumados a esquecer no fundo de alguma gaveta. “Então, você olha para um equipamento, por exemplo para um osciloscópio, e com os óculos você enxerga um monte de informações sobre esse osciloscópio, digitalmente, em volta dele. Do tipo: ‘aperte aqui’, e você aperta de verdade. O objeto é de verdade. Mas o manual é virtual”, descreve.

Diferenciais do manual de instrução virtual

Ao comentar sobre os ganhos trazidos pelo uso dessa tecnologia para os graduandos de Engenharia Elétrica, Voldi Zambenedetti ressalta a possibilidade de repetição do treinamento. E o fato de ser um treinamento dirigido. “O manejo dos instrumentos sempre foi possível a qualquer momento, porém com o sistema de realidade aumentada este manejo tem um acompanhamento. E permite avançar no aprendizado com mais velocidade”, observa.

Além disso, para Voldi, é importante considerar que esse tipo de prática que mescla o real e virtual estará cada vez mais presente no mercado de trabalho, em muitas áreas de atuação. “O uso deste tipo de tecnologia desde o curso universitário fornece subsídios aos futuros profissionais, para que tenham um desempenho melhor nas suas futuras profissões”, comenta.

De acordo com a professora Cinthia Spricigo, outro ponto relevante a se considerar é o propósito envolvido em cada experiência imersiva. Pensar nas sensações e ações que a experiência pretende gerar junto aos estudantes que estão interagindo com aquela tecnologia. “Não faz sentido nenhum você colocar numa realidade estendida um estudo de caso que seria só uma leitura e os alunos debatendo. Mas se você precisar que o estudante tenha algum sentimento diferente em relação a essa situação, aí passa a fazer sentido”.

Desenvolvimento tecnológico com propósito

É por isso que todos os projetos com ideias de aplicação em realidade estendida, propostos pelos professores, passam por um processo de avaliação na Universidade. Com o intuito de direcionar os recursos para o desenvolvimento de experiências que sejam relevantes para a formação daqueles futuros profissionais e cidadãos.

“A gente faz uma avaliação inicial, se faz sentido a realidade estendida para esse tipo de situação. Fazendo sentido, nós nos reunimos, como equipe, e fazemos algumas horas de conversas, que a gente chama de Design Jam. Então, a gente faz uma primeira experiência de design de como seria essa experiência. Depois disso, a gente tenta selecionar a tecnologia e qual equipe vai se dedicar a ela. Começamos a fazer alguns protótipos de baixa fidelidade e fazer algumas documentações. Sempre alinhando com o professor as expectativas. Ele aprovando o que foi apresentado durante o processo de pré-produção, aí nós começamos a produção mesmo, com programação, arte, música, game designer e tudo mais”, conta Cinthia.

A saber, todo esse processo de desenvolvimento de uma experiência imersiva leva, em média, de quatro a cinco meses. Quatro experiências já estarão à disposição dos estudantes da PUCPR no segundo semestre, nos cursos de Agronomia, Educação Física, Medicina e Engenharia Elétrica. São exemplos variados de aplicação da realidade estendida, que demonstram que certamente temos pela frente um caminho repleto de inovação e de descobertas.

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