A partir desse problema nasceu o projeto de pesquisa As múltiplas faces da violação dos Direitos Humanos no Paraná: município de Curitiba que constituiuma primeira etapa de um projeto de pesquisa mais abrangente intitulado “As múltiplas faces de violação dos Direitos Humanos no Paraná”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCPR – CAAE: 78343617.5.0000.0020 – Número do Comprovante: 117934/2017.
Em face da realidade econômica, política e sociocultural caracterizada pela persistência da desigualdade, exclusão e situações de violência as quais, muitas vezes, perpassam o cotidiano da escola, o projeto de pesquisa enfatiza a necessidade de empreender esforços teóricos para compreender a natureza polissêmica do conceito de violência assim como realizar pesquisas de campo junto a diferentes instituições e sujeitos que no seu cotidiano lidam ou precisam lidar e manejar com êxito as situações de conflitos que ocorrem no espaço escolar e reverberam em outros espaços sociais.
Os pesquisadores envolvidos sugerem que a distância entre os propósitos oficiais de solução dos conflitos no espaço escolar e a compreensão e expectativa que os estudantes formulam em relação ao teor dos conflitos resulta, ao menos em parte, da exclusão da percepção que a comunidade discente formula acerca da violência e da ausência de espaços de participação e deliberação nas escolas (onde estudantes, professores, direção e quadro administrativo da escola e comunidade local/pais e/ou responsáveis) que promovam mecanismos de participação, diálogo, deliberação e responsabilização (individual e coletiva) na gestão pacífica dos conflitos. A participação direta e ativa dos sujeitos nas situações de conflitos que lhe dizem respeito poderia, ainda, evitar a mobilização de soluções verticalizadas, culpabilizadoras, estigmatizantes e violadoras dos Direitos Humanos no espaço escolar.
Diante desse cenário, o projeto visa promover dialógicos deliberativos no espaço escolar, para oferecer, por meio das práticas restaurativas, respostas mais eficazes e legítimas na solução e prevenção dos conflitos que ocorrem no espaço escolar. Paralelo a isso, a abertura de espaços de participação e tomada de decisão, no sentido de atribuir a cada adolescente e jovem o direito de escuta, voz e decisão, perante a ocorrência de um determinado conflito, encoraja a coprodução de saberes e práticas inovadoras passíveis de serem incorporadas e utilizadas pela própria instituição escolar, não apenas como estratégia de contenção e solução pacífica da violência, mas como princípio democrático e pedagógico de promoção dos direitos humanos no chão da escola.