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Inovação

Simulador de Entrevista Médica proporciona ensaios para a vida real

Experiência em realidade virtual auxiliará os estudantes de Medicina a aperfeiçoarem suas habilidades de comunicação em entrevista médica

Ao pensar no que compõe uma boa consulta médica, que elementos são essenciais para você? Certamente, muitas pessoas vão falar de acolhimento, da importância de se sentirem ouvidas. Assim como da importância de receberem as perguntas certeiras, que demonstram a atenção às várias possibilidades e o compromisso com o diagnóstico a se desenhar.

Nesse sentido, somados aos conhecimentos técnicos de cada especialidade, podemos dizer que um bom médico é também um bom entrevistador. Alguém que precisa equilibrar sensibilidade e objetividade para obter informações do paciente que, por vezes, pode estar em um momento de vulnerabilidade.

Sem dúvida, a entrevista médica é um tópico extremamente relevante na formação de todos aqueles que desejam trilhar carreira na Medicina. Por isso, esse foi o tema central de uma novidade que está inserida no pilar de inovação da PUCPR. Uma novidade ligada à criação de cenários realísticos em ambiente imersivo de aprendizagem. E que está prestes a ser lançada, junto com a implementação do Centro de Realidade Estendida, que entrará em funcionamento no Câmpus Curitiba a partir de junho de 2023.

“A gente criou um simulador para otimizar e deixar a experiência de role playing melhor, mais divertida e mais engajadora para os estudantes”, conta Paulo Ricardo Franciozi Gois, professor da Escola de Medicina da PUCPR.

Antes de mais nada, o que é role playing?
Em síntese, o termo role playing refere-se a uma interpretação de papéis. Isto é, uma encenação de uma situação cotidiana, que tem como finalidade treinar ou aperfeiçoar a maneira de agir em eventos desse tipo.

Essa técnica costuma ser utilizada em treinamentos de diferentes áreas. Desde capacitações para vendedores até funções de atendimento ao público, como por exemplo o atendimento médico.

Dentro da grade curricular da graduação em Medicina, o role playing é realizado para que os estudantes do segundo período possam começar a se preparar para variados cenários. Isso acontece a partir de roteiros propostos pelo professor, de acordo com os conhecimentos que estão sendo estudados. “Baseado na encenação e na performance do estudante, ou dos outros estudantes que estão interagindo com ele, a gente dá o feedback e discute assuntos variados”, explica Paulo Gois.

Conhecimentos técnicos aliados ao “saber ser”

De acordo com o professor, o principal foco desse exercício de encenação está ligado ao desenvolvimento das habilidades de comunicação. Sobretudo de escuta ativa. “Mas também conceitos éticos e o ‘saber ser’, que tanto valorizamos na PUCPR”, analisa. Dessa forma, ao longo do curso, os estudantes têm a oportunidade de aprofundar tanto os conhecimentos do segmento de saúde quanto as competências comportamentais que os levarão a um atendimento de excelência.

“A gente vai trabalhar também com algumas situações adversas que podem acontecer. Desde o estudante interagir com algum familiar que não está cooperando, dar notícias ruins para pacientes e cenários que envolvem, por exemplo, lidar com assuntos mais delicados que um futuro médico terá que abordar”, completa Paulo – que, além de médico e docente, é membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.

Benefícios da escuta ativa

Nesse sentido, a prática da escuta ativa é muito importante para o estabelecimento de relacionamentos interpessoais mais significativos, seja nas relações com familiares ou amigos, seja nas relações profissionais.

A saber, dentre os benefícios que a escuta ativa pode proporcionar estão:

1. comunicação mais eficaz;
2. construção de relações de confiança;
3. sensação de segurança;
4. fortalecimento de vínculos;
5. redução de conflitos;
6. melhorias em trabalhos realizados em equipe;
7. desenvolvimento da empatia.

Sem dúvida, uma lista desejável em situações de atendimento na área da saúde.

Etapas de desenvolvimento do Simulador de Entrevista Médica

Paulo relata que, anteriormente, as aulas dedicadas às encenações de entrevistas médicas costumavam acontecer com os próprios estudantes desempenhando os papéis (tanto de médico quanto de paciente), um de frente para o outro. Posteriormente, o professor passou a convidar atores não conhecidos dos graduandos, para se passarem por pacientes, com base em roteiros previamente definidos. Porém, com o passar do tempo, essa dinâmica também apresentava alguns desafios, como por exemplo o tamanho da turma e a incompatibilidade de agendas dos atores e para que todos pudessem realizar o exercício.

Então veio a ideia de transportar esses ensaios para a realidade virtual. E o Simulador de Entrevista Médica tornou-se um dos projetos colocados em prática por uma equipe multidisciplinar da Universidade. Agora, os estudantes poderão encenar uma teleconsulta, com a diferença de que, com a mediação da tecnologia, não verão e ouvirão um jovem colega ou um professor em sua frente, mas sim um senhor de 70 anos que será o paciente.

“O principal trabalho foi dos professores e envolvidos no software, de captar aquela tecnologia, conseguir transformar para uma tela todas as expressões que a pessoa que está encenando faz. Teve também um trabalho com o ator que a gente conhece para acertar o tom de voz, acertar a velocidade de repetição da simulação para não ficar lenta nem muito rápida”, lembra Paulo.

Reconhecimento internacional

O Simulador de Entrevista Médica tem tanto potencial que, antes mesmo de se tornar “sala de aula” junto aos estudantes, foi uma das três iniciativas premiadas pela equipe responsável pela plataforma Immersive Training da EIT Manufacturing. A organização europeia promoveu um workshop em dezembro de 2022, com o intuito de promover apresentações de ideias e trocas de experiências entre participantes de várias partes do mundo. Tudo isso com foco nas possibilidades educativas proporcionadas pelo uso da tecnologia.

Durante o evento, William John Brobouski – que possui doutorado em Informática, com experiência em metodologias ativas com aprendizagem significativa – apresentou o projeto do Simulador. Ele representou a PUCPR, bem como a equipe multidisciplinar envolvida no desenvolvimento desta experiência imersiva.

Na mesma ocasião, o Health Pro Game – experiência imersiva desenvolvida para a graduação de Educação Física da PUCPR – também recebeu esse reconhecimento internacional. O jogo foi apresentado por Rafael Matsubara, analista de sistemas do Grupo Marista.

Caminhos para o futuro

Se, por um lado, o projeto inicial da experiência imersiva focada na entrevista médica contempla o treinamento da interação entre o estudante de Medicina e os pacientes, por outro as possibilidades de uso dessa tecnologia são múltiplas. “A gente também programou uma relação interdisciplinar, simulando o ambiente hospitalar, com estudantes de Medicina, com enfermeiros, com fisioterapeutas e outros profissionais envolvidos no atendimento de pacientes”, conta Paulo.

Além disso, o professor acredita que, posteriormente, o simulador poderá se adaptar para o uso de qualquer área de conhecimento da PUCPR. Por exemplo, para que futuros arquitetos e engenheiros possam responder a um cliente que decide fazer mudanças estruturais que acarretam muitas consequências, no meio da execução de uma obra. “Então, o nosso estudante vai ter que aprender a lidar, por meio da comunicação, com esses cenários do dia a dia”, comenta.

Já dá para imaginar os possíveis desdobramentos, não é mesmo?

Confira como foi a visita da Maju e do Matheus nessa experiência no Centro de Realidade Estendida da PUCPR.

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