Saiba mais sobre reflexões atuais sobre educação e tecnologia, estudante protagonista e experiências educativas virtuais
Você já imaginou o seu dia a dia sem a utilização de nenhum dispositivo tecnológico? Seja nos processos de trabalho ou mesmo durante os períodos de lazer, é quase inimaginável abrir mão de todas as comodidades e oportunidades que os avanços tecnológicos nos proporcionam, não é? Da mesma forma, o segmento da educação vem incorporando as novidades de uma sociedade em rede, cada vez mais digital.
De acordo com o professor Ericson Sávio Falabretti, pró-reitor de Desenvolvimento Educacional e professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCPR, a capacitação dos indivíduos para participar plenamente da sociedade depende de uma educação crítica e tecnológica. “Uma educação que reúna, ao mesmo tempo, uma formação humana profunda e o domínio de competências ligadas ao uso das novas tecnologias (TICs) é uma necessidade crucial para a formação de uma força de trabalho qualificada e para o desenvolvimento econômico, social e político da nossa sociedade informacional”, observa.
Por isso, segundo o pró-reitor, a educação deve se adaptar aos desafios do mundo digital e incorporar as tecnologias de informação e comunicação como parte integrante do processo de aprendizagem. E essa transformação já está em curso, abrindo uma gama de possibilidades. Tanto para quem está dando os primeiros passos em direção a uma carreira quanto para quem busca aperfeiçoamento ou novos rumos.
E as instituições de ensino nisso tudo?
Já faz algum tempo que questionamos o papel das instituições de educação como “transmissoras de conhecimento”. Afinal de contas, atualmente, conhecimentos das mais diversas áreas estão muito mais acessíveis. Seja em formato de texto, de vídeo, em tutoriais da internet, livros digitalizados, podcasts, entre tantos outros meios. Colocar as instituições nesse lugar de meras “transmissoras” seria conferir a elas um papel muito limitado, não é mesmo?
Nesse sentido, também vale ressaltar o contexto contemporâneo no qual estão inseridos os estudantes, sobretudo os que estão prestes a ingressar no Ensino Superior. Prestes a escolher possíveis caminhos profissionais. Sem dúvida, jovens muito mais acostumados com a velocidade da informação e com múltiplas plataformas digitais do que aqueles que começaram suas graduações há alguns anos. E com expectativas de mão na massa. De chances de experimentar.
Como enxergamos o papel das escolas e universidades então? Elas deixam de ser relevantes? Muito pelo contrário. “Isso não impede que a educação continue a enfatizar habilidades e valores fundamentais, como pensamento crítico, resolução de problemas e comunicação eficaz, enquanto também incorpora novas habilidades digitais e competências técnicas relevantes para o mundo digital”, defende Ericson Falabretti.
Antes de mais nada, empatia e comunicação
Em entrevista para a websérie “Irreversível: o aprender protagonista”, disponível no Youtube, Antoni Zabala – diretor pedagógico do Instituto de Recursos e Investigación para la Formación (IRIF) e diretor do Campus Virtual de Educação da Universidade de Barcelona – afirma que “educar é empatia e é comunicação”. Certamente, é preciso ter isso em mente quando falamos das mudanças e oportunidades trazidas pela tecnologia. E quando, continuamente, pensamos e repensamos a maneira como nos comunicamos com os estudantes.
Segundo o especialista em didática, referência internacional em pedagogia e educação, para alguns professores essa transformação será mais fácil, porque estão habituados a ouvir os estudantes. Pois quando estão lecionando, não estão pensando no que eles estão ensinando, mas sim no que o outro está aprendendo. Portanto, se colocam no lugar do estudante e conhecem melhor seus interesses, suas ideias e motivações.
O estudante como protagonista
Em meio a essa discussão, em termos de metodologias de ensino e aprendizagem, ganha cada vez mais força o ponto de vista do estudante como protagonista. Isto é, um estudante com uma postura muito mais ativa diante de sua trajetória de estudos.
Cinthia Spricigo – docente que atua nos cursos de Engenharia, no Centro de Ensino e Aprendizagem da PUCPR (CrEAre) e no Centro de Realidade Estendida – conta que, desde 2014, a Universidade realiza formações para os professores, para essa mudança na perspectiva do ensino. “De um ensino baseado no que o estudante é, para um ensino baseado no que o estudante precisa aprender”, comenta.
Dessa forma, o corpo docente da PUCPR está em constante formação. E já incorpora essa mentalidade. “Cada resultado de aprendizagem demanda um tipo de metodologia de ensino. E se, para desenvolver um certo resultado de aprendizagem, o professor concluir que o estudante precisa se sentir imerso em alguma experiência, então ele pode propor um projeto de realidade estendida”, exemplifica a professora.
Tecnologia e aprendizagem
Dentre as vantagens que podem emergir do uso de aparatos tecnológicos na educação está a personalização. “A partir do uso de novas tecnologias podemos, ao mesmo tempo, incluir mais pessoas e ainda ajudar a personalizar a aprendizagem, tornando-a mais adaptativa às necessidades e particularidades das pessoas”, explica o pró-reitor.
Além disso, outra palavra que merece atenção nesse contexto é experiência. Em suma, o ato de experimentar. “A tecnologia pode ajudar muito quando a gente precisa de uma aprendizagem que seja mais experiencial. Por exemplo, você precisa que o estudante experimente algumas coisas que não são fáceis de fazer no mundo real. Então, você joga para o mundo virtual e consegue simular essas experiências”, ressalta Cinthia Spricigo.
Já ouvir falar de realidade estendida?
“Como exemplo disruptivo – inovador – do uso de tecnologias educacionais que podem modificar profundamente a nossa forma de aprender temos que considerar o uso da realidade estendida (RE), que oferece maiores possibilidades de engajamento e motivação, a partir da criação de ambientes virtuais que simulam situações reais. E, assim, oferecem novas experiências mais interessantes, significativas e atraentes para aprender”, destaca o professor Ericson Falabretti.
Com o intuito de aproximar seus estudantes dessas novidades com grande potencial, a PUCPR está construindo um Centro de Realidade Estendida, localizado no Câmpus Curitiba. Um projeto que resulta de uma trajetória de anos em direção à inovação. A saber, o lançamento do espaço está previsto para o mês de junho de 2023.
Por fim, a professora Cinthia – que faz parte da equipe de desenvolvimento do Centro – ressalta que, sem um propósito por trás, essa nova tecnologia seria somente mais uma tecnologia. A grande questão é o significado que seu uso ganha ao proporcionar uma experiência de aprendizagem. Ao colaborar na resolução de um problema, de uma demanda da sociedade a partir daquele conhecimento. Ou seja, ao propor situações em que o estudante se sinta desafiado e gere memórias, sensações e emoções em relação ao que está aprendendo.