Escola Politécnica

Internacionalização

Dupla diplomação em Engenharia de Produção na França: duas amigas e um sonho

A dupla diplomação, carinhosamente chamada de “DD”, é uma das modalidades de estudo no exterior oferecidas pela PUCPR em parceria com universidades de outros países. É um programa mais longo que o intercâmbio convencional, sua duração é variável em função do curso, mas no caso da Engenharia de Produção, são 2 anos completos realizados na França.

O grande diferencial da DD é que o estudante termina a graduação com um diploma da PUCPR e outro da instituição internacional onde estudou, desde que atenda aos requisitos e equivalências estabelecidos entre as instituições.

No período de estudo no exterior o estudante tem isenção de mensalidade na PUCPR e no parceiro, reservadas eventuais taxas e naturalmente, o custo de vida, moradia, alimentação, transporte etc., que são de custeio do estudante/família.

O início de um sonho…

Logo que entraram na PUCPR, Victoria Romaguera e Nathalia Fistarol ficaram sabendo do programa de dupla diplomação na França, através do coordenador do curso, se interessaram e já começaram a cursar francês no PUCPR Idiomas.

A ideia inicial era fazer a dupla diplomação. No entanto, em 2020, elas mudaram de plano e aplicaram para o intercâmbio regular de 1 semestre. Victoria iria para a Alemanha e Nathalia para uma cidade na França. Foram aceitas no programa, mas chegou à pandemia da Covid19 e tudo foi adiado.

Em 2021, com as coisas mais calmas e com o 7º período concluído (uma das exigências da DD), elas se inscreveram e foram aprovadas. Importante ressaltar que os estudantes passam por um processo seletivo quando aplicam para os programas de internacionalização, ou seja, é como um vestibular ou concurso: não há garantia de vaga, pois elas são limitadas e o IRA (Índice de Rendimento Acadêmico) é usado para a classificação dos  inscritos.  

Os candidatos passam por uma análise para ver se atendem aos requisitos do edital, para então serem classificados conforme a sua pontuação. Por isso, é importante participar das iniciativas da universidade e se preparar para ir.  É fundamental conversar com a coordenação de curso desde o início, para se planejar corretamente e conhecer todos os detalhes envolvidos em uma dupla diplomação: preparação acadêmica, linguística, psicológica e financeira.

Os requisitos podem variar de acordo com o edital, mas no geral envolvem:

  • – Ter terminado o 7º período.
  • – Comprovar proficiência no idioma exigido pela universidade destino  (no caso da Nathalia e da Victoria, elas tiveram que comprovar francês nível B1).
  • – Iniciação científica PIBIT ou PIBIC (ao menos 1 ano) ou atividade de estágio.
  • – Seguro saúde: item obrigatório que merece uma atenção na hora de escolher, pois nunca se sabe quando vai precisar usar.

Antes de ir, é bom finalizar tudo o que a PUCPR exige, como validar horas complementares e fazer o Projeto Comunitário, para não precisar voltar ao Brasil apenas para completar créditos que podem ser planejados e cursados antes. Claro, sempre há a opção de fazer na volta os créditos faltantes ou alguma equivalência não obtida.

Deu tudo certo… from PUCPR to UTT

Tudo certo. Lá foram as meninas para Troyes – França, cidade da região de Champagne-Ardenne, situada a cerca de 160 km de Paris, onde fica a Universidade de Tecnologia de Troyes (UTT).

Victoria e Nathalia com Leandro e Lucas (estudantes de Engenharia Mecânica), em frente à Universidade de Tecnologia de Troyes.

Elas conseguiram uma bolsa de estudos da CAPES/Brafitec e isso ajudou muito, principalmente no começo que tiveram que adiantar vários meses de aluguel, entre outras despesas relacionadas à mudança.  O Programa Brasil France Ingénieur Technologie (Brafitec) é um programa de intercâmbio, desenvolvido no âmbito da cooperação entre o Brasil e a França a nível governamental. Quando a PUCPR consegue aprovar bolsas de estudo no contexto desta chamada nacional feita pela Capes, a Escola Politécnica lança editais internos específicos para divulgar estas oportunidades para os estudantes.

Apesar de não terem morado na mesma casa, Victoria e Nathalia estavam perto e fizeram a maioria das matérias juntas. “Ter alguém indo com você, dá um apoio. Uma ensina a outra e, até em questão de suporte emocional e de saúde é muito bom! Uma vez fiquei doente e a Victoria foi comigo para o hospital. Foi um alívio, senão teria ficado sozinha”, relembra Nathalia.

No começo elas comparavam muito os prós e contras do Brasil e da França, como o fato de não irem tão bem nas matérias lá, afinal as aulas eram 100% em francês e o vocabulário de engenharia em francês era bem diferente.

Uma dica valiosa que a Nathalia deu é: “não coloque tanta pressão em si mesmo. Não é possível ter o mesmo rendimento, mesma performance que tinha, pois é uma adaptação de país, de faculdade, onde tem que aprender tudo em outro idioma e, até para se expressar no trabalho, é diferente.”

Com relação à convivência, elas se uniram a um grupo de estrangeiros – pessoas de outras nacionalidades que também estavam fazendo intercâmbio -, onde era mais fácil fazer amizade, pois se encontravam no mesmo contexto de estar longe de casa, da família, do conhecido. Isso despertou a vontade de conhecer outras culturas e até o interesse de aprender outra língua, como o espanhol.

Com os franceses já é mais difícil quebrar a barreira e passar de conhecido para amigo. Eles são amigáveis, mas não tão expansivos.  Diferente de franceses que já fizeram intercâmbio em outros países. Esses são mais acolhedores.

Encontro de intercambistas brasileiros assistindo à Copa do Mundo de 2022

Como é estudar Engenharia de Produção na França?

Na França, para se tornar engenheiro em qualquer área, é preciso ter mestrado. A UTT tem um “combo” de Bacharelado + Mestrado. Então lá, elas já têm mais este título de mestrado.

O curso de Engenharia de Produção na França, é bastante voltado para logística e tem três opções de especialização ao final do curso: logística interna, externa ou manutenção.

Já na PUCPR, a matriz é mais ampla no sentido de verem mais a parte de qualidade, empreendedorismo, business. Como as estudantes já tinham esse conhecimento prévio, fez total diferença na formação delas, pois são matérias complementares que outros estudantes não têm lá.

A metodologia das aulas da UTT é dividida em matérias práticas, exercícios e aulas teóricas. Por exemplo, se o estudantes têm aulas da mesma disciplina três vezes por semana, uma aula vai ser o cours (aula teórica), ou seja, as turmas vão para o anfiteatro escutar o professor; na segunda vez, são as de TD (Travaux Dirigés – exercícios, projetos) onde as turmas são subdivididas em grupos de +/- 20 pessoas e na terceira, a TP (Travaux Pratiques – aulas práticas), onde usam mais softwares de engenharia nos labs de informática.

São 3 semestres de estudo e o último é para o estágio obrigatório, feito sobre a empresa onde o estudante está estagiando e terá uma apresentação final (equivalente ao nosso TCC), podendo abrir portas para uma contratação efetiva.

Esse foi o caso da Victoria, que estagiou na Volvo por 6 meses e foi contratada pela empresa, atuando na parte de logística. Hoje ela mora em Lyon e está realizada. Nathalia mora em Paris e trabalha na FedEx França na parte de melhoria contínua, projetos. Faz a ponte entre as operações e as outras equipes da Europa (TI, CS, Comercial).

Concluído o curso, elas participaram de uma colação de grau remota da PUCPR e de uma presencial na UTT, que é um pouco diferente dos moldes brasileiros e não tem a cultura de usar beca, nem de fazer baile de formatura em turma.

Colação de grau da UTT em novembro de 2023.

Curiosidades/Experiências

Nathalia mergulhou nas raízes quando foi conhecer a família do seu namorado que mora numa cidade de 15 mil habitantes, no litoral da França. A família faz questão de agradá-la com comidinhas, levando pra passear e é uma experiência que ela nunca pensou que teria ao fazer seu intercâmbio. É uma tradição os membros da família terem um bowl (tigela) com seu nome e um desenho da região. Nathalia ganhou o seu no Natal, que foi feito exclusivamente para ela, pois “obviamente não tinha ninguém com o nome Nathalia lá”, brinca. Eles dizem que agora ela é totalmente parte da família, uma Bretonne honorária (pessoa que nasce na região da Bretagne na França).

Victoria percebe que pegou alguns trejeitos dos franceses, como levantar muito a sobrancelha.

Lá eles ainda usam cartas para várias coisas, como enviar o imposto de renda, cancelar inscrição na academia ou fazer assinatura de telefone e TV.

Na PUCPR, você experimenta ir além com oportunidades internacionais

Se você deseja ter uma experiência de estudo no exterior, aproveite que as inscrições para intercâmbio acadêmico e dupla diplomação da PUCPR estão abertas até 9 de agosto!

O edital é anual, publicado no final de cada ano, com inscrições abertas até meados de fevereiro para partida em agosto/setembro. Portanto, para conhecer os detalhes de cada chamada e os requisitos, é preciso ficar de olho nos editais que sempre são publicados aqui.

O acordo de DD entre a PUCPR e UTT para Engenharia de Produção já enviou 6 estudantes da PUCPR e recebeu 1 da UTT no Câmpus Curitiba da PUCPR.

Conheça a história de Cristian Gustavo Ehalt, o primeiro estudante de Engenharia de Produção que obteve os dois diplomas – da UTT e PUCPR – em 2018.

Aqui você pode conferir outras experiências de estudo no exterior de estudantes da Poli!

Entre os principais parceiros da Escola Politécnica estão:

– em Portugal, o Instituto Superior de Engenharia do Porto (Engenharia Elétrica e Engenharia Biomédica);

– na Espanha, a Universitat de Vic (Engenharia Mecatrônica e Engenharia de Controle e Automação);

– na França, a Université de Technologie de Troyes (Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica);

-também na França, a École Nationale Supérieure de Chimie de Rennes (Engenharia Química).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *