De 16 a 20 de outubro de 2023, uma comitiva brasileira de 13 experts em Vigilância Laboratorial e Controle e Prevenção de Doenças visitou o Campus Chamblee, em Atlanta, Georgia. O campus Roybal, é constituído por 21 edifícios e abriga, entre outros a Divisão de Promoção de Qualidade em Saúde, com mais de 1.000 colaboradores, liderado pela brasileira Denise Cardo; o Laboratório de Microbiologia Clínica e de Ambiente Hospitalar- dirigido por Christopher Elkins, a Rede de Micologia – liderado por Tom Schiller e o Programa Internacional de Controle e Prevenção de Doenças (IICP), chefiado pela médica infectologista Fernanda Lessa.
O Ministério da Saúde, através da CGLAB, participou de um Edital Internacional do IICP, em 2021 e foi uma das 28 instituições contempladas com fundos do Edital CK21-2104, para implantar o Projeto “Fortalecimento de um Sistema Brasileiro de Vigilância da Resistência Antimicrobiana”. Este fundo é coordenado pelo MS, FIOCRUZ e LACEN-PR. A partir do segundo ano do Projeto a ANVISA, Agência reguladora da Saúde Publica brasileira também passou a integrar o Projeto.
A Resistência Antimicrobiana é considerada uma Pandemia silenciosa, que mesmo antes da Pandemia de COVID-19, estava associada com mais de 4,5 milhões de óbitos a nível global, anualmente. Até 2050 deve superar os óbitos por todos os tipos de câncer.
O microbiologista e professor da PUCPR Marcelo Pillonetto, representou o LACENPR nesta comitiva, onde coordena todas as atividades laboratoriais do Projeto e faz parte de Comissão Gestora do mesmo. Durante a visita ao CDC, apresentou os resultados preliminares do Projeto, bem como os dados do BR-GLASS 2021, além de participar de mais de 20 sessões cientificas, onde especialistas do CDC, da Universidade Emory e de outras agências do governo americano apresentaram os desafios e avanços em saúde pública aos experts brasileiros.
A comitiva contava ainda com representantes do Ministério da Saúde (André Abreu e Renata Peral), LAPIH-FIOCRUZ (Ana Paula Assef), GVIMS-ANVISA (Magda Machado, Mara Gonçalves, Luciana Cruz, Dolores Nogueira, Heiko Santana, André Carvalho, Humberto Moura, Janaina Sallas) e LEMI-UNIFESP (João Nóbrega).
História do CDC
Em 1º de julho de 1946, o Centro de Doenças Transmissíveis (CDC) abriu suas portas e ocupou um andar de um pequeno prédio em Atlanta. A sua missão principal era simples, mas altamente desafiadora: evitar que a malária se espalhasse por todo o país, com um orçamento de apenas 10 milhões de dólares e menos de 400 funcionários.
O fundador do CDC, Dr. Joseph Mountin, continuou a defender questões de saúde pública e a pressionar para que o CDC ampliasse as suas responsabilidades em outras doenças transmissíveis. Ele era um líder visionário da saúde pública, com grandes esperanças neste relativamente insignificante ramo do Serviço de Saúde Pública. Em 1947, o CDC fez um pagamento simbólico de US$ 10 à Emory University por 15 acres de terra em Clifton Road, em Atlanta, que agora serve como sede do CDC. O benfeitor por trás do “presente” foi Robert W. Woodruff, presidente do conselho da The Coca-Cola Company. A nova instituição expandiu o seu foco para incluir todas as doenças transmissíveis e para fornecer ajuda prática aos departamentos estaduais de saúde quando solicitado.
Embora os epidemiologistas médicos fossem escassos naqueles primeiros anos, a vigilância das doenças tornou-se a pedra angular da missão de serviço dos CDC aos estados e, ao longo do tempo, mudou a prática da saúde pública. Houve muitas conquistas significativas desde o início humilde do CDC. O que se segue destaca algumas das conquistas importantes do CDC para melhorar a saúde pública em todo o mundo.
Hoje, o CDC é um dos principais componentes operacionais do Departamento de Saúde e Serviços Humanos e é reconhecido como a principal agência de promoção, prevenção e preparação para a saúde do país, sendo que o Campus Roybal abriga 21 prédios e mais de 100 laboratórios. Atua em todos os continentes e tem mais de 17.000 colaboradores a nível global, inclusive com um escritório regional para América Latina, no Brasil.
Marcelo Pillonetto
Farmacêutico e Microbiologista pela UFPR, tem Doutorado em Ciências da Saúde pela PUCPR. É professor titular de EMCV há 28 anos, onde ministra as disciplinas de Microbiologia Clínica e Relações Parasita-hospedeiro para os cursos de Medicina e Farmácia. Também coordena, desde 1997, o Curso de especialização em bacteriologia, hoje com ênfase em resistência antimicrobiana.