8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Nessa data, além de celebrar, é importante relembrar a luta para a conquista dos direitos de todas as mulheres. Ainda há muito a ser feito, mas hoje, a Escola de Educação e Humanidades deseja homenagear a todas. Assim, convidamos 8 mulheres para compartilhar um pouco de suas histórias de vida para que possam inspirar outras mulheres.
Neli Gomes da Rocha
Doutora em Educação pela UFPR, mestra em Sociologia pela UFPR e graduada em Ciências Sociais pela UFPR, atualmente é docente na Escola de Educação & Humanidades da PUCPR.
Para Neli, “vivemos em tempos de intensas sobreposições de agendas, confluindo pautas da vida doméstica com a rotina da vida profissional o que é um desafio e tanto. A pergunta que fica é: qual o tempo destinado para cuidarmos de nós mesmas? Quando pensamos sobre a rotina nas ações voltadas para o Ensino Superior são muitas as camadas desafiadoras, desde a dimensão da produção acadêmica propriamente dita (publicação de artigos, atividades de gestão e de cunho pedagógico) aos enfretamentos com demais agendas da vida cotidiana.
Notamos que é crescente a presença e protagonismo das ações profissionais femininas em diferentes frentes de atuação, o que sinaliza o já sabido, ou seja, o poder de resiliência e obstinação da mulher em galgar outros espaços de interlocução do que aquele historicamente que nos é dado. Emerge na profissional acadêmica a qualidade de equilibrar o impossível tornando ações improváveis em práticas cada vez mais habituais. Podemos pensar no desafio da maternidade em relação ao campo acadêmico; na interação entre diferentes profissionais a sensibilização sobre a sobrecarga ainda vigente nas agendas de mulheres na gestão do espaço doméstico; no desafio em conciliar agenda pessoal com as programações acadêmicas como: congressos, eventos e simpósios tão importantes para ampliar a produção do conhecimento.
Devemos pensar que a profissional feminina é genuinamente interseccional ao provocar mudança por todos os ambientes por onde passa. Vamos celebrar as conquistas, sem perder de vista a importância do autocuidado.”
Dayane Moreira
Estudante do 7º período do curso de Serviço Social da PUCPR, pesquisadora, presidente do Centro Acadêmico CASS Odária Battini e ativista pelo direito da mulher e da população LGBTQIAPN+.
Para Dayane “no Dia Internacional da Mulher, é crucial destacar que o direito à cidade também é um direito das mulheres. Uma cidade que nos mantenha vivas e um território que nos pertença são essenciais para garantir nossa segurança, autonomia e qualidade de vida. No entanto, apesar dos avanços, ainda enfrentamos desafios significativos no Ensino Superior e no mercado de trabalho. Esses desafios incluem disparidades salariais, falta de representação em posições de liderança, assédio sexual e dificuldades para equilibrar trabalho e vida pessoal devido à persistência das expectativas de gênero.”
Kelly Louise Gonçalves
Formada em gestão de recursos humanos pelo Centro Universitário Estácio, de Ribeirão Preto, em 2018, em meio à pandemia passou por uma mudança de área e, desde então, atua na educação, tendo iniciado a trajetória na PUCPR em 2022, na área administrativa da Escola de Educação e Humanidades. Por gostar de se comunicar e ter muita curiosidade, ingressou na Jornada de Evolução Cultural, atuando pelo segundo ano consecutivo como influencer de comunicação da Escola. Um exemplo de mulher que a inspira, além da mãe, chamada Katia, foi a avó, a dona Santa (apelido da Dona Valga), que morou no norte do Paraná numa casa à beira de uma estrada no meio do nada e, mesmo assim, criou 4 filhos e nunca perdeu a esperança de conseguir aquilo que mais queria: ter a casa própria. É dela que vem a inspiração para Kelly, que mantém o jeito sempre calmo e alegre de ver a vida.
Daine Cavalcanti da Silva
Mestra e Doutora em Educação, Daine é graduada em Letras e Pedagogia, já atou na área contábil, em recepção e em secretaria de escola. Na educação, trabalhou como professora no Ensino Fundamental e Médio e atua no Ensino Superior, na PUCPR, desde 2021 como professora-tutora do EAD.
“O maior desafio é trabalhar, estudar e atender a todas as demandas da vida de uma mulher. A ideia da mulher guerreira que a minha geração ouviu e comprou é cansativa: muitas vezes assumimos esta função por falta de opção, mas foi preciso e ainda é porque as oportunidades e reconhecimentos ainda não são iguais, infelizmente.”
Daine destaca que as mulheres da sua família são todas inspirações. Suas avós, Bernardina e Eunice, saíram do sertão nordestino para o Sul, com suas famílias, em pau de arara, com muitas dificuldades. A vida de sua mãe também não foi fácil: todas, em algum momento, sofreram por ser mulher, seja pelo machismo, pela falta de acesso à educação, pelo simples fato de serem mulheres. “Muitas mulheres brasileiras são motivo de inspiração. Destaco Carolina Maria de Jesus, que contou a sua realidade, que é a realidade de muitas, mas que muitos não veem.”
Maria Clara Guerra
Graduanda do curso de bacharelado em História da PUCPR, participa de projetos de Iniciação Científica desde o primeiro ano da graduação, pesquisando movimento estudantil, educação e direitos humanos no Paraná durante a Ditadura Civil Militar. Atualmente, participa do convênio de estágio entre a PUCPR e a Câmara Municipal de Curitiba, desenvolvendo pesquisa sobre a história da cidade e o Poder Legislativo.
“Apesar de muitas melhorias, como mulheres ainda acabamos em situações na academia e no mercado de trabalho de discriminação e dificuldades relacionadas a papéis de gênero. Alguns homens não respeitam mulheres em posição de igualdade ou de liderança, questionando o conhecimento e a autoridade delas. Infelizmente, ainda é muito atual o conforto de certos homens em comentários casualmente misóginos. Um outro problema que eu pessoalmente tenho é com turmas com predominância masculina… mesmo com colegas que não tenham comportamentos necessariamente machistas, por conta de como somos socializadas como mulheres, ou por outras experiências negativas, eu tendo a ficar desconfortável ou hesitar antes de me manifestar a respeito de algo. Nesses momentos, é importante se apoiar e dar também visibilidade para as demais colegas mulheres! Com esse apoio, facilita muito.
Uma outra questão é que, apesar de não ser exclusivo para as mulheres, é uma realidade muito mais comum para nós a do trabalho invisível, a de chegar em casa e ter todos os trabalhos domésticos para fazer ainda. Não conseguir separar tanto tempo quando desejamos para se dedicar exclusivamente aos estudos porque precisamos tomar conta das tarefas de casa pode ser bastante desanimador. É um sistema de desincentivo, até hoje, para que mulheres adentrem demais áreas, uma desvantagem que vem de casa. A dupla jornada feminina, né? Nesses pontos, por mais que seja um problema muito mais profundo, de novo surge a necessidade de um sistema de apoio e poder contar com os demais. Eu acho crucial esse apoio com outras mulheres, de forma que nos sentimos mais vistas e ouvidas.”
Priscila Ximenes Souza do Nascimento
Doutora em Educação pela PUCPR, mestre em Educação e graduada em Pedagogia pela UFPE. Atualmente é professora do curso de Pedagogia aqui da PUCPR.
Para Priscila, a pessoa que mais a inspira é sua mãe, pois ela sempre lutou com unhas e dentes para vencer todas as dificuldades da vida e todos os preconceitos sociais. “Ela nunca desistiu de lutar pelo que acreditava, mesmo quando alguém dizia que algo não seria ‘pra gente como ela’: mulher, pobre e divorciada com dois filhos.”
Priscila ainda comenta que o maior desafio da mulher que trabalha na educação superior é conciliar as tarefas acadêmicas e a vida pessoal, especialmente ela, pois em seu cuidado tem um bebê de apenas 1 ano e 4 meses.
Vitória Dantas
Estudante do curso de licenciatura em Química da PUCPR, Vitória é estagiária na INCEPA Revestimentos, bolsista na Fundação Araucária com o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e já foi bolsista na Capes pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID).
“Primeiramente sempre gosto de dizer que as mulheres que eu mais admiro são as que estão dentro do meu berço familiar, por toda a luta e resiliência para chegarem aonde estão no momento. Elas conseguiram colocar seus filhas e filhos na faculdade, coisa que não conseguiram para si mesmas. Agradeço cada esforço colocado para que eu pudesse viver o que eu vivo hoje.
Dentro da ciência são inúmeros espelhos a se inspirar, para mim a mais especial é a Sonja Ashauer. Ela foi a primeira brasileira a concluir um Doutorado em Física, e a segunda mulher a se formar em Física no Brasil. Sempre deu muita importância a suas pesquisas, e seus trabalhos publicados fizeram contribuições para ciência. Infelizmente, ela teve sua partida precocemente aos 25 anos, e talvez esse seja um dos motivos pelos quais mais a admiro. Mesmo com ‘pouco tempo’ de carreira acadêmica, ela fez parte de uma geração brilhante de físicos e alcançou marcos que estavam distantes da realidade da mulher na época. A história dela nos mostra que podemos sim ter grandes conquistas, cada uma no seu tempo!”
Daniella Rodrigues
Graduada em Desenvolvimento WEB pela UniSantaCruz e Especialista em Gestão Estratégica e de Negócios pela UniSantaCruz, Daniella atualmente é coordenadora administrativa de Educação Continuada da Escola de Educação e Humanidades da PUCPR.
“Um exemplo de mulher que me inspira com certeza é a minha mãe, que nunca mediu esforços para proporcionar o melhor para mim. É aquela que não só me deu a vida, mas também um amor incondicional. Uma mulher forte, que não desiste daquilo em que acredita. Com ela, aprendi que é enfrentando com amor os desafios pessoais, familiares e profissionais que se vence a batalha de cada dia e que a vitória pode ser obtida com pequenas conquistas diárias.”
Neste Dia da Mulher, queremos valorizar a luta de todas. São histórias lindas e de grande inspiração para outras mulheres.
A Escola de Educação e Humanidades deseja a todas as mulheres um ótimo 08 de março.
Confira as histórias de outras mulheres inspiradoras. Basta clicar nos links abaixo: