Escola de Educação e Humanidades | PUCPR

Reflexões

O medo e as mudanças em nossos comportamentos

Todos os dias passamos por situações que afloram a emoção do medo. Mas como o medo interfere em nossas decisões e em nossas vidas? O professor do curso de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Escola de Educação e Humanidades, Roberto Franzini Tibaldeo, nos traz uma reflexão sobre esta temática.   

“O medo, segundo a psicologia, é uma das emoções fundamentais do ser humano. Ela desenvolve um papel importante na autopreservação da vida, pois desperta a atenção a situações perigosas que podem ameaçá-la, comprometendo seu pleno desenvolvimento. Comecei logo a refletir sobre essa emoção e surgiram algumas perguntas: do que eu tive medo? Esse medo tem uma razão bem fundamentada? O que estava verdadeiramente em jogo nessa situação? Essa última foi a pergunta que despertou mais o meu interesse, pois me ajudou a entender melhor a situação e como lidar com ela da maneira mais eficaz.” 

O medo e seus impactos

Na sequência, o professor Tibaldeo comenta os impactos desta emoção em nossas vidas: 

“Nem todo medo é igual. Tem aquele que simplesmente paralisa a reflexão e a ação e tem aquele que pode tornar uma oportunidade de conhecimento e aprendizagem, capaz de nortear o agir. Mas o conhecimento e aprendizagem acerca do que? Daquilo que é fundamental. 

Em primeiro lugar, o medo destaca a minha vulnerabilidade em relação às situações existenciais particulares. Para enfrentá-las, a comunidade humana desenvolveu recursos culturais específicos, ou seja, as instituições. Mesmo que alcançado de forma talvez imperfeita, o papel delas – em particular daquelas democráticas – é de oferecer proteção aos indivíduos, cuidando deles e delas, para que sejam garantidos o florescimento humano e a saída da condição de medo. São instituições nas quais os indivíduos podem confiar e que se fortalecem graças à confiança de cada um(a).  

Em segundo lugar, percebi que tem um tipo de medo que ameaça a essência: as relações. Será que é por isso que o nome tradicionalmente utilizado por designar o inimigo mortal do bem – Diabo – etimologicamente significa “aquele que corta as relações”? O medo pode ser instrumentalizado para esse fim. Mas com qual resultado? Cortes nas relações de cuidado que compõem a socialidade humana e, assim, cada indivíduo é deixado sozinho na tarefa de enfrentar a própria vulnerabilidade. Devemos suspeitar desse tipo de medo e da sua difusão viral no mundo atual e, mais do que isso, temos que lutar incansavelmente contra ele para garantir o futuro das relações afetivas e profissionais que compõem o tecido multicor da nossa existência.” 

O professor Tibaldeo trouxe como o medo é tratado e refletido sob as óticas da filosofia e da psicologia. Sabemos que o medo pode atrapalhar o nosso viver em diferentes aspectos, mas não podemos deixar ele nos dominar. Por isso, é fundamental procurarmos algum tipo de ajuda, já que não estamos sozinhos!  

Caso tenha gostado do conteúdo de hoje, compartilhe e não deixe de acompanhar as demais postagens do blog da EEH

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comentários
  1. sempre bom poder ler suas reflexões professor, o medo é importante, sem ele talvez nos colocaríamos em risco tantas vezes, que possivelmente não teríamos uma vida tão longeva. Concordo contigo quanto a inúmeras formas do medo. Tem um livro do professor Safatle sobre o circuito dos afetos, nele ele aponta essa questão de como “O medo se transformou em elemento da gestão social”.