O direito à memória assegura o reconhecimento e a compreensão ativa de eventos históricos marcantes, especialmente aqueles que envolvem violações de direitos humanos, como parte essencial para construir uma sociedade mais justa e consciente.
Em contrapartida, o direito ao esquecimento protege a dignidade individual, evitando associações permanentes com fatos passados que dificultem a reintegração social. No Brasil, iniciativas como a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e decisões judiciais relevantes, como o julgamento do STF no Recurso Extraordinário nº 1.010.606, destacam a importância desse debate.
Direito à memória: preservando a história coletiva
O direito à memória garante que as futuras gerações compreendam os erros do passado e previnam sua repetição. Previsto no artigo 216 da Constituição Federal de 1988, ele reconhece o patrimônio cultural brasileiro como os bens materiais e imateriais que representam a identidade e a memória dos diversos grupos que compõem a sociedade.
Comissão nacional da verdade: um marco na preservação da memória
A Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada em 2012, desempenhou papel fundamental na preservação da memória histórica no Brasil ao investigar as violações de direitos humanos ocorridas durante a Ditadura Militar (1964-1985). Seu relatório final responsabilizou o Estado brasileiro por essas violações e recomendou ações para evitar que se repitam.
Preservar essa memória fortalece a democracia e promove justiça social, impactando não apenas as vítimas diretas, mas também toda a sociedade.
Memória coletiva e direitos humanos
Preservar a memória coletiva é, antes de tudo, um ato de defesa dos direitos humanos. Ao dar visibilidade às histórias das vítimas, esse direito contribui para a reparação histórica e para a conscientização social. Instrumentos como museus, monumentos e políticas públicas desempenham um papel crucial nesse processo, criando espaços para o diálogo e a reflexão.
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O direito ao esquecimento: protegendo a dignidade individual
Por outro lado, o direito ao esquecimento visa proteger indivíduos de terem suas vidas permanentemente associadas a fatos passados que já não têm relevância pública. Esse conceito ganhou destaque na era digital, onde informações podem ser perpetuamente acessadas na internet.
Decisão do STF sobre o direito ao esquecimento
Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no Recurso Extraordinário nº 1.010.606, que o direito ao esquecimento não pode ser usado para proibir a divulgação de fatos verídicos obtidos licitamente. O caso envolvia uma família que tentou impedir a reexposição midiática do assassinato de uma jovem ocorrido décadas antes. Assim, o STF concluiu que restringir a divulgação de fatos verdadeiros violaria a liberdade de expressão e o direito à informação.
Consequentemente, a decisão reforça a aplicação cautelosa do direito ao esquecimento, sobretudo em casos de interesse público. No entanto, ela também suscita debates sobre os limites entre liberdade de informação e proteção à privacidade.
Equilibrando memória e esquecimento
O debate sobre o direito à memória e ao esquecimento envolve equilibrar dois interesses essenciais: preservar a história coletiva e proteger a dignidade individual. O primeiro garante que as gerações futuras aprendam com erros do passado. Já o segundo defende os indivíduos do sofrimento gerado pela exposição constante aos fatos antigos.
A importância do debate na Escola de Direito da PUCPR
A Escola de Direito da PUCPR desempenha papel crucial no debate crítico sobre o direito à memória e ao esquecimento. Por meio de disciplinas focadas em direitos humanos e constitucionais, a Instituição prepara os alunos para enfrentar os desafios jurídicos relacionados a esses direitos fundamentais, promovendo uma formação sólida e crítica.
Além do debate jurídico sobre a memória e o esquecimento, é fundamental aprofundar a reflexão sobre como as violações dos direitos humanos impactam a sociedade contemporânea. Para uma abordagem mais completa sobre esses temas, assista ao vídeo abaixo, que explora a importância da proteção da verdade e da dignidade no Brasil.
Assistir ao vídeo sobre: Memória, é um direito? | Multi Versos PUCPR + Evangelizar
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