De forma simples, os alimentos transgênicos são produzidos por plantas com modificações genéticas. Isso significa que um gene de interesse de determinado organismo é inserido na planta para que ela expresse uma característica desejável.
Será que todos os organismos geneticamente modificados são transgênicos?
A resposta é não. Para ser um transgênico, é necessário que o gene introduzido seja de um outro organismo. Os organismos geneticamente modificados podem ser desenvolvidos a partir da inserção de mais cópias de um gene que já existe na planta, para aumentar a produção de determinada proteína ou silenciar um gene, fazendo com determinada proteína deixe de ser produzida.
Um bom exemplo de OGM (organismos geneticamente modificados) é o primeiro produto geneticamente engenheirado a ser comercializado no mundo, o tomate Flavr Savr. Esse tomate produzia a fita antisenso do gene da poligalacturonase, um gene naturalmente encontrado na planta e que está ligado a degradação da pectina, causando o amolecimento dos frutos. A vantagem desse produto é que poderia ser colhido maduro sem que sua vida de prateleira fosse reduzida pelas machucaduras causadas por batidas.
Os principais transgênicos produzidos no mundo são a soja, o milho, o algodão, a canola e a alfafa, e as principais características introduzidas são:
- Proteína Cry (Bt) – é proveniente de um gene da bactéria Bacillus thuringiensis e confere resistência da planta ao ataque de lagartas. Cada tipo de proteína Cry dá resistência da planta a diferentes espécies de insetos, tendo um espectro de atuação menor que os inseticidas comerciais. A proteína Cry é tóxica apenas para insetos porque estes possuem receptores específicos para essa proteína em seu sistema digestório, e ainda porque sua conformação tóxica acontece apenas em ambiente alcalino (a digestão de insetos é alcalina). Não apresenta nenhuma toxidade a mamíferos.
- Resistência a herbicidas – essa característica otimiza muito o plantio direto, no qual a cultura é plantada diretamente sobre os restos das culturas anteriores. O plantio direto é uma técnica que assegura a sustentabilidade do solo por protegê-lo com os restos vegetais e reduzir a sua compactação pela utilização de maquinários pesados de preparo de solo.
- Resistência ao estresse hídrico – com os regimes de chuva cada vez mais irregulares, as plantas resistentes ao estresse hídrico são de extrema importância para que áreas cultiváveis continuem viáveis. Essas plantas não apenas sobrevivem a longos períodos sem chuva, como também são capazes de produzir quando as chuvas recomeçam.
- Resistência a doenças – um dos exemplos é o feijão da Embrapa BRS FC401 RMD, tecnologia desenvolvida pela Embrapa Arroz e Feijão, que produz as fitas senso e antisenso do gene da replicase viral do Mosaico dourado do feijão. Isso impede que essa proteína seja expressa, uma vez que quando o RNA viral é produzido pela planta, ele é complementar ao do vírus, impedindo que o material genético seja traduzido na proteína que permite que o vírus se replique no hospedeiro e dessa forma, não ocorre a doença.
- Produção de vitamina A – O arroz dourado produz vitamina A em seus grãos. Essa característica aumenta a ingestão dessa vitamina por populações carentes que tem como base de sua alimentação o arroz. A deficiência de vitamina A provoca a cegueira, podendo causar a morte em casos graves – principalmente em crianças menores de 5 anos e idosos.