“No meu tempo, as coisas eram diferentes”. Quem nunca ouviu essa frase de um pai ou uma mãe? Não é difícil encontrar pessoas que cresceram ouvindo essa frase dentro de casa. Costumes, tradições, comportamentos, tudo era diferente: afinal, conforme os anos passam, a sociedade se transforma. O problema é que, nesse contexto, pode surgir o conflito de gerações na família.
O conflito sempre existiu e sempre existirá, uma vez que pessoas que nasceram em momentos distintos tendem a ter visões de mundo distintas. A época em que vivemos pode moldar muitos dos nossos comportamentos, opiniões e percepções. Assim, na convivência familiar entre pessoas que carregam, cada uma, suas próprias convicções, discordâncias vão se manifestar. Mas como lidar com isso da melhor forma? É o que você vai ver neste post.
Características das gerações
De modo geral, especialistas consideram que cinco gerações fazem parte do contexto atual: os baby boomers, a geração X, os millenials, a geração Z e a geração Alpha.
Não há um consenso sobre as datas, mas diversas fontes apontam que os baby boomers, por exemplo, são os nascidos entre 1940 e 1960. Essas pessoas nasceram após a Segunda Guerra Mundial e são assim chamadas devido à explosão demográfica nesse período.
No mercado de trabalho, essa geração busca estabilidade e costuma resistir às mudanças, geralmente permanecendo muitos anos na mesma empresa. Além disso, é disciplinada, comprometida, pouco influenciável e valorizadora de tradições como o casamento.
Já a Geração X, que contempla os nascidos entre 1960 e 1980, acompanhou diversos movimentos sociais e políticos, como a Guerra Fria e a ditadura militar no Brasil. É um grupo menos otimista, mas mais individualista e competitivo. Pessoas que nasceram nessa época ainda tendem a valorizar a estabilidade, mas também gostam da liberdade, do consumo e de novos desafios.
A Geração Y, por sua vez, refere-se aos famosos millenials – nascidos entre 1980 e 1995. Essas pessoas viram o surgimento e o avanço da internet, portanto são mais familiarizadas com a comunicação digital. Também são mais flexíveis às mudanças, buscam a inovação e se preocupam mais com questões ambientais e causas sociais.
Ao mesmo tempo, os millenials tendem a ser multitarefas e imediatistas, trocando de emprego com mais facilidade caso não se sintam valorizados, por exemploCasar-se, constituir uma família e ter estabilidade profissional não são prioridades para essa geração.
A Geração Z, que contempla os nascidos entre 1995 e 2010, já nasceu conectada – por isso, é chamada de “nativa digital”. Trata-se de um grupo ágil, que está sempre um passo à frente no que diz respeito à tecnologia. Além disso, são pessoas ativistas, que se engajam em causas importantes e tendem a se posicionar em questões como racismo, machismo e homofobia.
Dessa forma, é uma geração com forte senso crítico, que não se preocupa tanto em ter uma carreira tradicional e busca outras formas de garantir seu sustento: empreendedorismo e influência digital são opções bastantes visadas, apesar de gerar inseguranças nessas pessoas em relação ao futuro.
Por fim, a geração Alpha se refere às pessoas nascidas a partir de 2010. E, mais que a geração Z, costuma-se dizer que essas pessoas “nasceram com o celular na mão”. Ao mesmo tempo, têm uma relação forte com a inteligência artificial, são hiperestimuladas o tempo todo e lidam com problemas que os grupos anteriores não viviam tão intensamente, como as questões climáticas.
Conflito na família
Com características tão distintas, essas gerações convivem entre si em todos os âmbitos: na família, no trabalho, nas escolas, nas universidades, nos espaços religiosos e de lazer. As diferentes formas de ver o mundo podem entrar em conflito em todas elas, mas é no ambiente familiar que isso se torna mais difícil, já que envolve relações afetivas e emocionais– principalmente entre pais e filhos.
O desafio é o equilíbrio, já que, por um lado, os pais querem transmitir suas experiências e sabedoria. Com mais bagagem de vida, eles buscam instruir os filhos a seguirem no caminho certo e tomarem decisões corretas. Assim, é importante que os mais novos sejam abertos ao que os mais velhos têm a oferecer e ensinar.
Por outro lado, pais precisam compreender que não têm respostas para tudo e que não podem forçar os filhos a fazerem somente aquilo que eles mesmos consideram o ideal. Os jovens também têm suas vivências, visões de mundo e habilidades, principalmente digitais, que gerações anteriores não possuem – e que podem ser um aprendizado valioso.
Esse foi o tema do segundo episódio da temporada do Coffee Break, o podcast de atualidades e comportamento da PUCPR. O professor Cauê Krüger, da pós-graduação em Antropologia Cultural, explicou que os conflitos de gerações nem sempre são negativos. Eles são necessários para gerar mudanças históricas e promover uma leitura crítica do mundo. Ao mesmo tempo, é importante saber lidar com as diferenças de opiniões.
Também participaram do episódio o Alumni da PUCPR Enzo Baggio e seu pai, José Baggio. Eles contaram um pouco de suas vivências e como as questões geracionais afetam sua relação familiar e profissional – já que trabalham juntos. Além disso, deram dicas de como encontrar um equilíbrio nesse contexto.