Quantas vezes você já ficou nervoso na hora de fazer um teste importante, antes de uma reunião de trabalho ou até mesmo quando precisou conversar com alguém sobre um assunto delicado? Esses sintomas afetam boa parte das pessoas e indicam um sentimento muito comum: a ansiedade.
O problema é quando essas emoções se tornam exacerbadas, a ponto de gerar desconforto físico e psicológico. Entre os principais sinais estão a tensão muscular, taquicardia, alterações de sono e apetite, inquietação constante, dores de cabeça, suor e até mesmo problemas gastrointestinais. Nesse caso, é possível que você esteja sofrendo com o transtorno de ansiedade.
Trata-se de um dos temas mais discutidos do século XXI, porque o problema se tornou uma epidemia global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 264 milhões de pessoas sofrem com ansiedade – e o Brasil está no topo das estatísticas. Somos o país mais ansioso do planeta, com 9,3% da população afetada pelo transtorno.
Mas o que explica esse índice tão alto? Por que cada vez mais pessoas estão desenvolvendo ansiedade e como lidar com isso? Entenda a seguir!
Era digital e saúde mental
No cenário global, as pessoas são hiperestimuladas a todo momento, especialmente por meio da tecnologia. Informações em excesso são disparadas continuamente e não há como acompanhar cada coisa que acontece ao nosso redor, embora tudo esteja a um clique de distância.
Muitas vezes, trata-se de notícias negativas, estressantes e/ou falsas, ou, ainda, conteúdos que não agregam valor. Ao longo do tempo, essa alta quantidade de informações, aliada à hiperconectividade, contribui para que as pessoas se sintam cada vez mais ansiosas – seja por acompanhar tantas coisas ao mesmo tempo ou por não dar conta disso. O cérebro tem dificuldade para lidar com a sobrecarga de estímulos e pode ficar em um estado de preocupação constante.
Esse cenário também gera muitas possibilidades de escolhas, desde as mais simples, como selecionar um filme no catálogo da Netflix, até as mais complexas, como comprar um carro, dentre tantas opções. Assim, o ser humano é bombardeado com a necessidade de tomar decisões constantes, o que parece bom na teoria, mas que por muitas vezes pode gerar ansiedade, já que se torna difícil ficar com uma única opção e renunciar às alternativas.
Além disso, na Era digital, a realidade muda constantemente. Novos comportamentos, tendências, problemas e discussões surgem o tempo todo, causando incerteza e angústia. Se essas alterações envolvem algum tipo de risco, como, por exemplo, as mudanças climáticas, a ansiedade fica ainda maior.
Como controlar a ansiedade?
Diante de uma realidade que se transforma com tanta rapidez e intensidade, algumas ações práticas e diárias podem ajudar:
- ● Desacelere: reserve momentos da sua agenda para relaxar, longe das tecnologias, seja na sua própria companhia ou com pessoas que você ama.
- ● Respire: faça exercícios de respiração, inspirando e expirando lentamente. Isso ajuda a controlar as emoções.
- ● Aceite: não é possível controlar tudo. Nem tudo está ao seu alcance, então foque nas coisas que você pode resolver.
- ● Organize-se: crie rotinas, hábitos e rituais. Isso diminui a incerteza no seu dia a dia e contribui para evitar a ansiedade.
- ● Cuide-se: busque uma alimentação equilibrada, controle a ingestão de álcool e de cafeína e priorize o sono e descanso.
- ● Peça ajuda: se você sente que a ansiedade interfere de forma constante na sua saúde e bem-estar, procure auxílio profissional de um(a) psicólogo(a).
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Como lidar com mudanças?
Nesse cenário altamente volátil, também é importante saber lidar da melhor forma com as mudanças – seja no trabalho, nos relacionamentos, nos estudos ou na própria sociedade. A professora do curso de Psicologia da PUCPR Talita Veloso e o nômade digital Fernando Kanarski discutiram o tema na primeira temporada do podcast “Coffee Break”, que aborda temas relacionados a atualidades e comportamento.
Talita, que é psicóloga clínica, compartilhou aprendizados que teve em consultório e sala de aula. Ela relaciona o avanço da tecnologia ao aumento das possibilidades de vida, traçando um paralelo entre a indecisão e a necessidade de controle com os diagnósticos de ansiedade e TDAH. Fernando, por sua vez, ressalta que as pessoas são estimuladas a mudar o tempo todo, mas que só devem fazer isso se houver sentido na mudança.