Você costuma ler as informações nutricionais presentes nas tabelas dos alimentos que consome? Se a resposta foi não, saiba que faz parte da maioria dos brasileiros. Seja pelo tamanho da letra ou pela falta de clareza na hora de transmitir uma informação, a rotulagem nutricional é um detalhe que passa despercebido pelos consumidores.
Pensando nisso, o Instituto de Defesa do Consumidor e as universidades brasileiras propuseram mudanças nas embalagens dos produtos processados e ultraprocessados. O objetivo é deixar ainda mais evidente as informações das tabelas nutricionais e dos itens que estão nelas.
Para tal, desenvolveram um design de lupa para identificar o alto teor de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. Esse símbolo deverá ser aplicado na parte frontal e superior da embalagem, pois é uma área facilmente capturada pelo nosso olhar.
“A partir do momento que existe um alerta na embalagem do produto, a população começa a perceber e comparar os produtos. Esse produto não tem a lupa, então eu vou preferir esse outro produto, não é? Nós acreditamos que com essas pequenas mudanças, a população vai fazer escolhas melhores”, explica a nutricionista, Flávia Auler, coordenadora do curso de Nutrição da Escola de Medicina e Ciências da Vida da PUCPR.
Veja todas as mudanças da nova rotulagem nutricional
1) Tabela de informação nutricional:
A Tabela de Informação Nutricional passará a ter apenas letras pretas e fundo branco. O objetivo é afastar a possibilidade de uso de contrastes que atrapalhem na legibilidade das informações.
Além disso, agora é obrigatório ter a declaração de açúcares totais e adicionados, do valor energético e de nutrientes por 100 g ou 100 ml, para ajudar na comparação de produtos, bem como o número de porções por embalagem.
2) Novas regras gráficas para os rótulos:
Também houve atualizações na parte gráfica das informações nutricionais dos rótulos, em busca de maior legibilidade:
- A tabela nutricional deve ser sempre em preto sobre fundo branco;
- Enquanto que a fonte da tabela e das informações passa a ter um tamanho mínimo aceitável de 8 pontos (caracteres com até 2,8mm) em rótulos de tamanho normal e tamanho mínimo de 6 pontos (2,2mm) onde não couber a tabela com 8 pontos.
- Embora não determine limites, a legislação exige espaçamento e proíbe que os caracteres encostem nas barras, linhas e símbolos da tabela nutricional.
3) Tabela de Rotulagem nutricional frontal:
A rotulagem nutricional frontal é um símbolo informativo que deve constar no painel da frente da embalagem. Essa veiculação do símbolo de lupa com indicação de um ou mais nutrientes, conforme o caso, é obrigatória quando os alimentos apresentarem as seguintes quantidades de nutrientes:
Veja os modelos de lupa:
4) Alegações nutricionais:
As alegações nutricionais permanecem como informações voluntárias. Porém, foram propostas alterações com o objetivo de evitar contradições com a rotulagem nutricional frontal. Confira as orientações:
De olho no rótulo e na saúde
Tais regras visam promover mudanças no números de casos de hipertensão, diabetes e de obesidade. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, essas doenças foram os principais fatores de risco de mortalidade nas Américas.
Além disso, o estudo também mostrou que até 30% de doenças cardiovasculares no Brasil são produzidas por causa do consumo excessivo de alimentos processados ou ultra processados.
“O que acontece é que todas as doenças cardiovasculares estão relacionadas a um consumo de alto teor de sódio, alto teor de gordura saturada ou alto teor de açúcar adicionado. Então esta é uma medida para que a população tenha mais controle do que vai comprar. Sendo assim, as pessoas vão diminuir o consumo desses três nutrientes e, consequentemente, as taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares também reduzam no país”, explica Flávia Auler.
Para mais esclarecimentos de dúvidas sobre as novas regras de rotulagem nutricional, a Anvisa produziu um documento com perguntas e respostas sobre o assunto, acesse aqui.