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Coffee Break

ESG x Greenwashing: você sabe como identificar?

Da indústria ao comércio, projetos de desenvolvimento sustentável são cada vez mais cobrados.

Você sabe reconhecer quando uma companhia mascara seus dados de sustentabilidade? Segundo informações da agência Bells & Bayes Rating Analytics (2024), a cobrança por sustentabilidade socioambiental é cada vez maior por parte de investidores. No entanto, é comum encontrar empresas que se utilizam do discurso do ESG para fomentar suas vendas, escondendo seus dados reais. Essa é uma ação que pode afetar negativamente, além do meio ambiente, a reputação e o futuro das empresas.

ESG x Greenwashing

Apesar de mais antigo, o termo ESG foi popularizado no Brasil em 2019 (Ecovalor, 2021), passando por um impulsionamento após a pandemia de COVID-19. Essa sigla possui origem na língua inglesa, sendo traduzida para “Ambiental, Social, Governança”. Atualmente, esses três âmbitos se tornaram essenciais para uma empresa poder ter ações em bolsas de valores, o que demonstra como a cobrança por um desenvolvimento ético tem aumentado.

Greenwashing, por outro lado, refere-se à prática de mascarar os dados de sustentabilidade e divulgá-los para se promover pelo discurso da sustentabilidade. Ou seja, o Greenwashing pode ser enquadrado como propaganda enganosa, visto que induz o consumidor ao erro. Infelizmente, essa é uma prática comum, mesmo em companhias de grande porte. Um caso famoso é o da marca The Body Shop, do segmento de beleza.

Essa marca britânica, fundada em 1976, fomentou por muitos anos o discurso contra a crueldade animal, afirmando que não eram realizados testes em animais em sua cadeia produtiva. No entanto, pouco antes de ser comprada pela brasileira Natura & Co., a empresa enfrentou diversas acusações contrárias a esse posicionamento na China, cuja legislação obriga estes testes. A partir disso, consumidores europeus fizeram um grande boicote à marca, que decretou falência em diversos países em 2024 (inclusive no Brasil).

Riscos para empresas

O Greenwashing oferece muitos riscos às empresas e aos consumidores. Em uma era de aquecimento global e eco-ansiedade, todas as ações, individuais e coletivas, são importantes para garantir o futuro da humanidade. Apesar disso, há empresas que divulgam suas informações para enganar os consumidores e outros públicos, o que pode acarretar vários males.

Além de perda de confiança dos consumidores, a empresa pode enfrentar impactos negativos na reputação de forma generalizada. Uma vez que uma empresa aparece na mídia com propaganda enganosa e esse conteúdo vai para as redes sociais, é quase impossível prever o grau de impacto gerado por ações de Greenwashing. Ainda, as consequências legais podem ser muito elevadas, não apenas por potenciais multas, mas também pelo impacto nas ações da companhia.

Como identificar

Uma forma muito interessante para descobrir se uma empresa faz ou não Greenwashing é buscar pela sua auditoria. Havendo uma auditoria externa que fiscaliza essa empresa, as chances de ela ativamente fomentar essa prática diminuem bastante, visto que essa é uma das cobranças de maiores níveis em bolsas de valores. Como exemplo, é possível perceber na pesquisa da Bells & Bayes Analytics que, apesar de 63% das 191 empresas pesquisadas afirmarem que desenvolvem projetos de sustentabilidade, apenas 29% possuem auditoria externa.

Outra forma de afiar o olhar para essa prática é buscar por ações sociais vinculadas à empresa. Por exemplo, pesquisar qual o posicionamento dessa empresa sobre diversidade e inclusão, quais os percentuais de colaboradores negros, com deficiência, mulheres em cargos de liderança e outras intersecções. Esses assuntos podem indicar se uma companhia apenas comprou o discurso para uma campanha ou se possui ações internas que fomentam a diversidade – e, conjuntamente, a sustentabilidade.

Por fim, é importante saber onde pesquisar. Em primeiro lugar, busque por relatórios de sustentabilidade e prestação de contas. São documentos que, na maioria das vezes, estão disponíveis na internet. Você pode ir até as seções nas quais possui mais conhecimento e fazer uma avaliação própria ou mesmo comparar com relatórios de empresas que se consolidaram no âmbito ESG. Ainda, é possível procurar em empresas de auditoria externa. As 4 maiores, de atuação mundial, são a Deloitte, PwC, KPMG e EY, que disponibilizam listas de clientes auditados.

Antes de investir, se candidatar e principalmente comprar de uma empresa, procure se certificar de que ela desenvolve ações para o futuro coletivo, e não apenas para um projeto com tempo limitado. Como afirma Thiago Vasconcelos, professor de Filosofia e Pós-Doutorando em Filosofia na PUCPR, nós somos parte da natureza, e o nosso desenvolvimento deve ser em conjunto com ela.

Para conhecer mais desse tema, confira o quinto episódio da segunda temporada de Coffee Break, o podcast de atualidades da PUCPR.

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