Um ambiente diverso requer autoconhecimento, alteridade e estratégias a longo prazo
Em 2025, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que compõem a Agenda 2030, completarão 10 anos de existência. Uma década focada em elaborar estratégias para erradicar os principais males globais. Entre os objetivos estão a promoção da educação universal de qualidade, o consumo e produção responsáveis, e o trabalho decente. Ao todo, os 17 objetivos são multidisciplinares, com foco no social e no ambiental. Faltando apenas cinco anos para atingir os objetivos, começar 2025 com a atenção focada neles pode ser um bom ponto de partida. Mas por onde começar?
O mundo dos negócios é amplo e cada segmento e setor econômico pode ter especificidades sobre como contribuir para o desenvolvimento sustentável e coletivo. No entanto, há uma área em ascensão nos negócios que está diretamente vinculada aos ODS: a gestão da diversidade.
ODS e Agenda 2030
Os ODS da Agenda 2030 da ONU foram assinados por 193 Estados-membros na Cúpula pelo Desenvolvimento Sustentável, realizada em Nova York entre os dias 25 e 27 de setembro de 2015. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nasceram da necessidade de uma ação global em determinados âmbitos da vida coletiva. Acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e garantir a paz para todas as pessoas são alguns dos apelos que levaram à criação dos ODS.
Ao todo, são 17 objetivos e 169 metas interligadas.
A gestão de pessoas, e mais especificamente a gestão da diversidade, está conectada de forma evidente aos Objetivos 5, 8 e 10. Por isso, que tal pensar em estratégias com foco neles para 2025? Além de ser uma porta de entrada para os ODS no novo ano, as empresas reconhecem a diversidade como fator decisório na criatividade e na produtividade.
Gestão da Diversidade
Segundo um estudo da McKinsey, empresas no quartil superior em diversidade de gênero têm 25% mais probabilidade de superar financeiramente seus pares. Essa conexão reflete o impacto direto da inclusão na eficácia organizacional. Ou seja, a diversidade no setor privado impulsiona a criatividade e a produtividade, pois equipes diversas apresentam maior capacidade de resolução de problemas.
Em outras palavras, pessoas com diferentes históricos e contextos (socioculturais, econômicos, étnico-raciais, de gênero, identidade e habilidades gerais) terão diferentes formas de ver o mundo. Ao se deparar com um desafio, um grupo diverso percebe variados caminhos para encontrar mais uma solução. Assim, a interdisciplinariedade somada à diversidade impulsiona os resultados e a lucratividade de uma organização.
Além disso, a diversidade fortalece a reputação corporativa e a relação com consumidores, pois marcas que refletem a pluralidade da sociedade conquistam mais confiança e lealdade. Essa lógica funciona também para os colaboradores. Ambientes inclusivos promovem bem-estar, motivação e colaboração, fatores que aumentam a produtividade. Portanto, investir na diversidade é um caminho seguro e incentivado, por impactar positivamente tanto a empresa quanto a sociedade.
Crescendo juntos
Antes de começar contratações e divulgar a empresa como um lugar inclusivo, entretanto, é preciso ter uma estratégia. Sabe-se que a diversidade tem que estar representada nos cargos de liderança para que tenha impactos reais. Pensar uma estratégia de longo prazo, como programas trainees com cotas e ações afirmativas ou planejamento de carreira com colaboradores que já estão na organização é uma forma de começar esse cultivo. Além disso, faz parte do processo preparar os colaboradores e parceiros para um ambiente que não seja ofensivo. Isso é, precisa-se pensar na alteridade.
A alteridade é um conceito para o reconhecimento e respeito do outro e das suas diferenças em relação a mim mesmo. Pensar na diversidade, portanto, é pensar nas diferenças entre as pessoas. A alteridade é uma forma de empatia, sendo essencial para que um ambiente diverso seja também acolhedor, seguro e inclusivo. Dessa forma, é imprescindível que todos estejam alinhados na busca de uma empresa realmente diversa para que haja prosperidade financeira e social.
Para 2025
Uma dica para quem deseja construir um ambiente inclusivo e diverso é o episódio 10 do Coffee Break, podcast da PUCPR. As convidadas monja zen budista Coen Roshi e a Michaella Laurindo, professora da pós-graduação em Psicanálise Clínica na PUCPR, refletem sobre autoconhecimento para se relacionar melhor com as pessoas. A discussão acontece em torno da consciência de que a forma como lidamos com nós mesmos afeta também a maneira como lidamos com os outros. Portanto, na busca por um ambiente acolhedor e que valoriza as diferenças, essa reflexão pode ser uma grande contribuição.