A personalização constante como um fator de conhecimento do público
A época de final de ano e Natal sempre gera muitas campanhas e ações interessantes. Imagine que uma empresa multinacional fez uma campanha de Natal com uma árvore muito bonita, cheia de neve e enfeites; com pessoas tomando gemada e comendo lindos biscoitos de gengibre. Corta para o público dessa campanha na América do Sul, onde o Natal é quente e são consumidas bebidas geladas, panetone e arroz com uva passa. Essa campanha, por mais bonita que seja, será efetiva?
Uma das principais coisas que a Administração ensina é a conhecer seu público. Isso varia de empresa para empresa, mas é essencial ter noção dos hábitos de consumido do público, e principalmente as mudanças nele, para que seja possível se encaixar no cotidiano delas. Quando se pensa em categorias variáveis para elaborar ações de vendas e planejamento, um timing bom ajuda, porém é necessário ter em mente os outros fatores que afetaram a forma como as pessoas vão se relacionar com o seu negócio.
Do global ao local
Uma importante consequência da globalização é a mudança nos hábitos de consumo. É possível saber o que acontece em cada canto do mundo com uma simples busca no celular. Essa facilidade de acesso à informação permite que seja possível encontrar influenciadores de diversas regiões, marcas de outros continentes, artistas com produções locais e tantos outros produtos. As campanhas da Coca-Cola, por exemplo, com o urso polar, marcaram uma geração no Brasil. No entanto, é preciso refletir: esse tipo de produção ainda faz sentido para os dias atuais?
Se é possível encontrar artistas de todos os lugares, então os consumidores podem procurar por artistas e figuras públicas de suas localidades, que entendem seu contexto sociocultural e econômico. O estudo sobre tendências de consumo em 2024 da PwC revelou que consumidores querem mais produtos personalizados e evidencia algumas ferramentas digitais para personalizar a experiência dos clientes. Isso indica, portanto, um interesse de consumo focado no local; ou seja, um hábito de consumo que representa o próprio consumidor.
Nesse cenário, é preciso considerar, portanto, o alcance de cada empresa. Um microempreendedor no Paraná só precisa focar no público ao qual atende e nas características demográficas, culturais e econômicas dele, enquanto uma multinacional realiza esse processo com diversos públicos, para personalizar a experiência de cada um.
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Minha mudança x Seu lucro
Quando se pensa em fatores a serem analisados para conhecer um público, é indispensável pensar na localização. Em primeiro lugar, pois nem tudo se resume a e-commerce e compras online. No varejo, por exemplo, a compra física precisa considerada, especialmente para a experiência dos clientes. Um segundo ponto muito importante é a estratégia. Conhecer a localização do público pode indicar ou complementar outros fatores, como classe social, contexto cultural, etnia e religião.
Conhecer essas informações contribui para o desenvolvimento de estratégias de expansão e vendas, campanhas de marketing e tendências comportamentais, entre outros. Por isso, é preciso pensar no local; isso é, como sua marca pode atingir uma melhor experiência de compra ou serviço através da personalização, da preferência do cliente em determinado recorte espacial e temporal.
Ter uma boa capacidade de adaptação é essencial para essa meta. Conhecer o público em muitos casos significa conhecer suas mudanças; suas preferências, para além de dados demográficos, e ter conhecimento que elas são variáveis. Uma das principais provas são as mudanças na forma de comprar no mercado que aconteceram em anos recentes.
Ir ao mercado, nos dias de hoje, pode significar ir até a portaria do prédio receber a compra feita por aplicativo. “Públicos” são, no final das contas, pessoas. E pessoas mudam, se reinventam, consomem de formas diferentes ao longo da vida. Cabe às empresas se adaptar para continuar no jogo.
É tudo tendência
Se o comportamento humano muda constantemente, é preciso entender de forma mais profunda o que a mudança significa coletivamente. O nono episódio de Coffee Break, o podcast da PUCPR, levanta questões importantes para essa discussão. Apesar de tantas mudanças que já ocorreram, das muitas voltas que a Terra deu, vale a pena refletir: o mundo vai mudar um dia?