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Envelhecimento populacional: estamos preparados?

Envelhecimento populacional: estamos preparados?

O envelhecimento populacional é, sem dúvida, um dos grandes fenômenos mundiais da atualidade. No Brasil, esse processo vem ocorrendo de forma muito acelerada. Para se ter uma ideia, em um período de 12 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos teve um aumento superior a 50%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já os idosos com mais de 80 anos compõem o grupo etário que mais cresce no país atualmente.

Por um lado, esse envelhecimento reflete um importante desenvolvimento, pois é fruto, entre outros fatores, do aumento da longevidade. A melhora nas condições de vida e os avanços na medicina são fatores que contribuem para a expectativa de vida dos brasileiros. Em 1950, por exemplo, essa esperança era de apenas 48 anos, segundo o IBGE. Hoje, chega a 76,4 anos – e as projeções apontam que, em 2070, as pessoas devem viver, em média, 83,9 anos no país.

Por outro lado, o fenômeno vem progredindo tão rapidamente que traz consigo diversos desafios – como o aumento da demanda por serviços, recursos e profissionais de saúde. Entenda melhor a seguir!

Envelhecimento populacional e saúde

Diversas pesquisas e especialistas já apontam os impactos envolvidos no processo de envelhecimento populacional. Um estudo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), por exemplo, revela que a utilização dos serviços de saúde e a demanda por cuidados domiciliares vêm aumentando. Além disso, pessoas idosas têm uma incidência maior de doenças crônicas não transmissíveis – principalmente respiratórias, cardiovasculares e neurológicas. A frequência das internações hospitalares e o tempo de ocupação dos leitos também aumentam.

Outro problema é a desigualdade no acesso aos serviços. De acordo com o estudo, idosos com uma renda menor apresentam uma saúde pior e uma chance maior de necessitar de assistência emergencial. No que diz respeito à provisão e ao cuidado de pessoas mais velhas, as responsabilidades recaem de forma desproporcional sobre as mulheres do círculo familiar. Com isso, elas ficam menos ativas no mercado de trabalho.

Nesse sentido, também faltam profissionais de saúde especializados no cuidado com idosos. O estudo do IEPS, a partir de dados do Cadastro Nacional de Residência Médica (CNRM), revela que, entre 2010 e 2020, a taxa de médicos que concluíram a residência e se especializaram em geriatria se manteve muito baixa. Em 2020, por exemplo, o índice foi de apenas 0,7%.

Considerando as estimativas do IBGE de que, até 2060, um quarto da população brasileira terá 60 anos ou mais, pode-se afirmar que o sistema de saúde não está preparado para lidar com esse processo.  A ausência de políticas públicas voltadas aos idosos é uma realidade preocupante e cada vez mais urgente.

Envelhecimento populacional: estamos preparados?

Como lidar com o fenômeno?

A boa notícia é que, embora o envelhecimento populacional já esteja acontecendo e de forma muito acelerada, o tema é discutido a nível global. Isso demonstra, ao menos, uma preocupação crescente com o fenômeno. Em 2020, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou a existência da Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030). Trata-se de uma iniciativa que reúne esforços para melhorar a qualidade de vida dos idosos, de seus familiares e das comunidades.

No Brasil, a estratégia está ligada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ela é conduzida pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que estabeleceu algumas linhas de ação:

  • 1. Promover políticas públicas e alianças para o envelhecimento saudável
  • 2. Apoiar o desenvolvimento de ambientes amigáveis e adaptados aos idosos
  • 3. Alinhar sistemas de saúde para que atendam às necessidades específicas desse público
  • 4. Desenvolver sistemas sustentáveis e equitativos de prestação de cuidados de longo prazo
  • 5. Melhorar a mensuração, monitoramento e pesquisa sobre envelhecimento

Nesse sentido, alguns pontos importantes seriam criar políticas com foco na prevenção de doenças (inclusive transtornos mentais), promover a capacitação e qualificação de profissionais que trabalham com idosos, idealizar espaços adaptados e inclusivos e investir em pesquisas e desenvolvimento na área.

O desafio do envelhecimento populacional e outras mudanças importantes que vêm acontecendo no Brasil e no mundo foram o tema do nono episódio da nova temporada do podcast Coffee Break, da PUCPR. A professora Dayana de Cordova, da Pós-Graduação em Antropologia Cultural, e a jornalista e analista de tendências Andrea Krueger discutiram os avanços da sociedade nos últimos anos e debateram se o mundo realmente pode mudar para melhor.

Assista ao episódio completo:

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