Ao pensar no mundo do trabalho hoje, reflito sobre as mudanças e os desafios da contemporaneidade. Em paralelo, observo nos relatos de muitos ao meu redor – alguns ainda iniciando suas experiências profissionais, como no estágio; outros, profissionais com vasta experiência – um aumento de tarefas abstratas, as quais envolvem uma elevada carga mental, seja para executar as tarefas inerentes às atividades, seja para lidar com as relações interpessoais no trabalho, assim como a presença de atividades e ritmos “dinâmicos”.
Diante desse cenário, revejo em imagem mental as palavras presentes em um termo muito utilizado na área organizacional e administrativa, ou seja, o mundo VUCA. E o que é o mundo VUCA?
Trata-se de um ambiente com Volatilidade (Volatility), Incerteza (Uncertainty), Complexidade (Complexity) e Ambiguidade (Ambiguity). Esse mundo é caracterizado por mudanças diárias, velozes e dinâmicas, acompanhadas de falta de previsibilidade e dificuldade de compreensão. Por vezes, podemos ficar surpresos, precisamos lidar com muitas variáveis para compreender as situações e até mesmo ficamos confusos sobre quais seriam as causas e os efeitos das coisas. No final, o resultado é uma turvação da realidade.
Dessa forma, me parece que o trabalho, na realidade, acontece nesse mundo VUCA. As imagens e as palavras vão mudando, e começo a perceber o quão primário e crucial é cuidar da saúde mental e da tal “qualidade de vida”. Todavia, tenho um adendo para fazer nesse esboço reflexivo, pois, pela minha formação profissional e narrativa de vida, considero o trabalho algo relevante para a construção da subjetividade humana, e mesmo no mundo VUCA, ele ainda é estruturante para a subjetividade.
No entanto, saliento, de maneira alguma dependeria apenas do(a) trabalhador(a) uma relação positiva e protetiva com o trabalho. Dito isso, acrescento que habilidades como resiliência e flexibilidade, além do autocuidado, são considerados elementos de ações protetivas para lidar com o cotidiano nos tempos atuais. Do mesmo modo, é preciso investir em uma aprendizagem diária de equilíbrio entre as horas dedicadas (não falo aqui de horas relógio, mas de horas de vida, incluindo pensamentos, mesmo quando não estamos trabalhando) para o trabalho e para a vida pessoal.
Nesta breve reflexão sobre o trabalho na contemporaneidade, não restam dúvidas de que este mundo apresenta mudanças. Os desafios são diários e, por vezes, precisamos repensar as nossas escolhas e tomadas de decisão, priorizando o autocuidado, buscando estar em ambientes de trabalho saudáveis, colaborativos e justos, bem como colaborar para a construção desses espaços.
Cassia Aparecida Rodrigues é professora do curso de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e professora da pós-graduação em Avaliação Psicológica da PUCPR.
Este artigo foi publicado originalmente na Revista Humanitas – 177.
Aprendizado no mundo VUCA
Em um cenário que é tão competitivo e volátil, o aprendizado constante deve estar alinhado ao cuidado com a saúde mental. Encontrar um equilíbrio entre vida pessoal, trabalho e capacitação profissional se torna fundamental para garantir o bem-estar e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de cada indivíduo.
Por isso, a PUCPR oferece cursos de especialização na modalidade EAD, como a Pós-Graduação em Avaliação Psicológica. Com periodicidade mensal e duração de 15 meses, o curso é voltado para psicólogos e psicólogas que se interessam pela prática profissional da Avaliação Psicológica e buscam ter uma atuação de impacto na área. Assim, é possível adquirir conhecimentos valiosos de forma totalmente online.
A especialização aborda temas como fundamentos de psicometria, testagem e avaliação psicológica, instrumentos expressivos e projetivos, instrumentos e testes de autorrelato e neuropsicológicos, além de outras questões de interface com a área.
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