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Quais os impactos das mudanças climáticas para a saúde humana?

Já faz algum tempo que as mudanças climáticas são uma realidade preocupante em todo o mundo. Por definição, elas são alterações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima do planeta, causadas, principalmente, pela ação do homem. Entre as atividades responsáveis por essas transformações, destacam-se a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento, a emissão de gases poluentes e a poluição do solo e da água.

A cúpula do G20, realizada em novembro no Rio de Janeiro, reuniu diversos chefes de Estado e de governo para discutir, entre outras questões, as mudanças climáticas a nível global. O documento assinado pelos países-membros reforçou a importância de enfrentar o problema e preservar o meio ambiente. Além disso, reafirmou os compromissos do Acordo de Paris, que tem o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa até 2030.

O Brasil também possui um Observatório de Clima e Saúde, que, desde 2009, reúne e compartilha informações sobre os impactos da crise climática para a população. A entidade também realiza estudos para identificar esses efeitos, com o objetivo de orientar políticas públicas nessa área.

Portanto, as consequências das mudanças climáticas já são percebidas com frequência e intensidade cada vez maiores. Você sabe quais impactos elas trazem para a saúde do ser humano? Entenda a seguir.

Mudanças climáticas e saúde humana

Atualmente, cerca de 7 em cada 10 trabalhadores no mundo estão expostos a riscos de saúde relacionados às mudanças no clima, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OTI). As principais ameaças são o calor excessivo, poluição atmosférica e exposição a doenças causadas por parasitas e transmitidas por vetores.

Desidratação, insolação e agravamento de doenças cardiovasculares são exemplos de problemas provocados pelas ondas de calor. Já a poluição do ar e os incêndios florestais podem ocasionar ou piorar doenças respiratórias, como asma e bronquite. Além disso, as mudanças climáticas podem expandir as áreas de distribuição de mosquitos e, por consequência, a incidência de doenças como dengue e malária.

O aumento no volume de chuvas, responsável por enchentes como as que atingiram o Rio Grande do Sul em abril deste ano, contribui para doenças infectocontagiosas, como leptospirose e hepatites. Por outro lado, a seca extrema torna difícil a produção de alimentos, levando à má nutrição.

Segundo as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas devem causar cerca de 250 mil mortes por ano devido a problemas como desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico.

Além de todos esses fatores, a crise ambiental também pode aumentar o sofrimento mental dos seres humanos. Hoje, já se fala em “ecoansiedade” ou ansiedade climática, conceito desenvolvido pela Associação Americana de Psicologia (APA) para se referir ao medo crônico da destruição do meio ambiente. Trata-se de um problema que atinge principalmente as gerações mais novas, na medida em que crianças e adolescentes se deparam cada vez mais com as consequências preocupantes das mudanças no clima.

Para se ter uma ideia da consciência dos jovens em relação às questões ambientais, uma pesquisa da Clínica de Direitos Humanos (CDH) da PUCPR revela que 75% das crianças e adolescentes acham que as mudanças climáticas afetam as pessoas de forma desigual. O estudo também aponta que, para 79% deles, essa é uma ameaça para as gerações futuras.

Mudanças climáticas e saúde humana

Crise climática: o que posso fazer?

Ações individuais, por si só, não dão conta de enfrentar as mudanças climáticas. Mas, diante de uma crise ambiental que já é realidade, há algumas medidas importantes para a proteção da saúde de cada pessoa e seus familiares.

Confira orientações do Ministério da Saúde:

– Mantenha sempre o corpo e a pele hidratados;

– Ao sair de casa, aplique protetor solar e faça a reaplicação a cada 90 minutos;

– Em caso de baixa umidade relativa do ar, utilize umidificadores;

– Evite atividades físicas nas horas mais quentes do dia, das 11h às 15h;

– Sempre cubra caixas d’água e outros recipientes que possam acumular água;

– Em caso de previsão de chuvas fortes ou alerta para inundações, tente evacuar a área de risco e evite contato com a água;

– Na medida do possível, use menos o carro e prefira outros meios de transporte, como ônibus, bicicleta ou caminhar;

– Dê preferência ao uso de fontes de energia renováveis, como solar e eólica.

Quais os impactos das mudanças climáticas para a saúde humana?

Como enfrentar?

No âmbito coletivo, é importante demandar do poder público e das grandes empresas ações e políticas de enfrentamento às mudanças climáticas. Uma oportunidade para isso é a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será sediada pelo Brasil em 2025. Trata-se de um dos principais eventos mundiais sobre o clima, em que líderes, cientistas, organizações e representantes da sociedade civil se reúnem para discutir os esforços necessários nessa área.

O quinto episódio da nova temporada do podcast Coffee Break, da PUCPR, discutiu esse tema e destacou a importância de mudarmos nossa relação com a natureza. O estudante do pós-doutorado em Filosofia da PUCPR, Thiago Vasconcelos, e a professora da pós-graduação em Cidades e Construções Sustentáveis, Leana Ferreira, explicaram as consequências e medidas que precisam ser tomadas para combater o problema. Já o escritor do povo guarani Olívio Jekupé destacou o protagonismo dos povos indígenas nesse debate e a importância de enfrentar o preconceito.

Confira esse bate-papo enriquecedor:

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