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Clima do Catar pode ser um adversário para os jogadores na Copa do Mundo?

Será que o clima do país que está sediando a 22ª edição da Copa do Mundo FIFA é um obstáculo para os atletas? Saiba como o calor pode afetar uma partida de futebol.

A cada quatro anos, as seleções de vários países viajam para um local diferente e têm de encarar um novo clima durante o campeonato. Em uma decisão inédita, o torneio mundial de futebol deste ano está acontecendo em novembro e dezembro, e não em junho e julho, como nas edições anteriores. Isso porque no fim do ano é inverno no Catar, com temperatura média de 24°. Bem diferente dos quase 50° que costumam atingir durante o verão, no meio do ano.

Mas o que todo esse papo climático tem a ver com Brasil conquistar o hexa? Bem, digamos que o calor definitivamente não é clima para futebol. Você pode até se divertir jogando um futebolzinho na praia, durante o verão, mas em uma competição como a Copa do Mundo FIFA, a realidade é bem diferente.

seleção brasileira na copa do mundo 2022
Lucas Figueiredo/CBF.

Ciência na Copa do Mundo

Enquanto o jogador está correndo e tentando fazer suas jogadas, a sua temperatura interna aumenta. O corpo quer jogar o calor para fora, mas isso se torna mais difícil quando o local está quente. O calor também caminha no sentido contrário, sendo possível “ganhar calor” do ambiente. Logo, um clima quente vai fazer com que a dissipação do calor seja alterada.

Mas e o suor do jogador? Isso é mais um problema: a sudorese tem um limite do tanto de calor que consegue dissipar e, quanto mais suor, a desidratação é maior.

“O conjunto desses lances de alta intensidade e curta duração causam um desgaste no jogador, mesmo em temperaturas amenas. Ao se expor ao calor excessivo durante 90 minutos ou mais ele se cansará muito mais rápido. Então, para se recuperar, ele precisa estar bem hidratado”, explica Dênis Greboggy, professor de Futebol do curso de Educação Física da PUCPR.

Greboggy diz que isso pode aumentar o risco do atleta ter uma lesão. “Uma analogia simples é imaginar um macarrão em minhas mãos e tentar entortar, provavelmente irá quebrar. Mas quando eu coloco ele na água, eu consigo entortar ele sem quebrar. É como o nosso músculo: quanto mais seco ele está, mais propenso a lesões ficará”.

Pensando nisso, além da mudança no calendário e a parada técnica para os atletas se hidratarem, a organização do Catar desenvolveu uma tecnologia capaz de refrigerar os estádios para diminuir esses impactos nas seleções de todo o mundo.

E como fica a estratégia de jogo?

O calor e a desidratação comprometem alguns movimentos corporais dos jogadores, o que pode tornar a disputa mais estratégica. O professor Dênis explica que o desgaste físico também afeta a tomada de decisão do jogador. Afinal, se ele tentar manter o mesmo jogo que faria em um clima mais ameno, haverá um gasto de energia muito maior, fazendo com que a estratégia mude.

É aí que o professor Greboggy destaca o papel da comissão técnica e treinador. “Ele tem que mapear todas as possibilidades. O treinador pode até fazer com que seu time pressione os adversários em um bloco alto de maneira individual, mas quanto tempo os jogadores aguentarão fazer isso? Se eu mantiver um jogo agressivo, meu jogador pode se desgastar, ter cãibras e dependendo da situação da partida, quem irá substituí-lo? Portanto, a gestão dos momentos da partida também funciona em função do placar, tempo de jogo, expulsões etc. pois, uma coisa é o time fazer gols no início do jogo, outra é ter que correr atrás, quando a equipe já está cansada e com dores”, diz.

Além disso, a atuação do atleta em campo é diferente. Um estudo realizado pelo Centro de Pesquisa e Avaliação Médica da FIFA, encontrou variação nos números de sprints, na distância e no tempo de permanência em torneios que aconteceram durante temperaturas mais elevadas.

Essa pesquisa sugere que os atletas de nível superior ajustem seus padrões de atividade durante as partidas em um ambiente quente (ou seja, menor intensidade e mais passes bem-sucedidos) para preservar as características globais de jogo, como distância total percorrida, velocidade máxima de corrida e gols marcados.

É realmente um futebol de outro nível, bem diferente da sua partida com os amigos, não é? Mas, ainda que você não esteja lutando pela taça, fica o conselho: hidrate-se.

Agora, se você ama futebol, quer tornar o esporte uma profissão, mas sabe que não é um Neymar, que tal conhecer o curso que é nota 5 no Guia Estadão?

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