Escola de Medicina e Ciências da Vida | PUCPR

Pesquisa

Pacientes com diabetes podem ter déficit cognitivo

Pesquisa identificou que, entre as pessoas com diabetes tipo 2, os mais suscetíveis a perda cognitiva têm acima de 65 anos de idade

Recentemente publicado na revista científica Diabetology & Metabolic SyndroME, um estudo feito por pesquisadores da Escola de Medicina e Ciências da Vida da PUCPR, mostrou uma piora do déficit cognitivo – dificuldade de aprendizado – em pacientes com diabetes do tipo 2.

Para esta pesquisa foram observados 250 pacientes do hospital universitário, entre 2018 e 2021. O estudo sofreu atraso em função da pandemia da covid-19.

Pesquisa realizada com pacientes com diabetes aponta maior risco de deficit cognitivo

A pesquisa

Para a realização da pesquisa, durante as consultas de rotina e acompanhamento, os pacientes foram submetidos a exame físico, triagem de sintomas de depressão e testes cognitivos. Dentre esses testes: mini exame do estado mental, teste de fluência verbal semântica, teste de trilhas A e B e teste de memorização de palavras.

Também foram analisados dados demográficos, como idade e escolaridade, ligados ao estilo de vida e tempo de diabetes.

A professora da PUCPR, Ana Cristina Ravazzani de Almeida Faria, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, explica que já se sabia que pacientes com diabetes têm, ao longo do tempo, um déficit de cognição maior ou mais chances de ter déficit de cognição do que pessoas sem diabetes.

“O que a gente procurava era se dentro desses diabéticos conseguiria identificar quem teria mais chances de ter esse déficit cognitivo ou maiores chances de evoluir, com o passar do tempo, para um declínio cognitivo maior do que o resto do grupo”, esclarece Ana Cristina.

Conclusões

Médicos e estudantes de Medicina que participaram da pesquisa concluíram que os pacientes mais suscetíveis são:

  • – Pessoas com baixa escolaridade;
  • – Acima de 65 anos;
  • – Com mais de 10 anos de diabetes;
  • – Possuem uma doença cardiovascular, como consequência ou não do diabetes;
  • – Retinopatia diabética;
  • – Pacientes com sintomas de depressão.


A professora explica que a pesquisa conseguiu identificar dentro do grupo, o setor com maior risco. Do total de 250 pacientes investigados, 14% pioraram da cognição nos 18 meses do estudo. Foi feita uma avaliação inicial dos pacientes e, depois de um ano e meio, em média, nova avaliação. “Esse subgrupo de 14% teve o pior desempenho”, destacou Ana Cristina.

Fatores de risco

Alguns fatores de risco estão relacionados a hábitos, como tabagismo e sedentarismo, cujo controle poderia minimizar o impacto da doença na cognição. Como níveis mais baixos de escolaridade também refletem no déficit cognitivo dos pacientes com diabetes tipo 2, os pesquisadores apontaram como fundamental que o Poder Público realize cada vez mais investimentos em educação.

Importância da avaliação cognitiva para pacientes com diabetes

Diretrizes internacionais recomendam que pacientes maiores de 65 anos façam avaliação cognitiva, pois sabe-se que existe esse risco maior e que a deterioração cognitiva pode interferir na qualidade de vida e no auto cuidado.


Entretanto, a professora Ana Cristina diz que os hospitais públicos têm maior dificuldade de fazer esse tipo de avaliação com todos os pacientes. Inclusive, estes pacientes são encaminhados para fazer uma avaliação cognitiva somente quando apresentam alguma queixa, como por exemplo a perda de memória.


“Mas todos os pacientes que a gente avaliou não tinham queixas e se diziam bem. Ou que tinham uma queixa muito vaga. Não tinham avaliação prévia, nem diagnóstico de demência cognitiva. Quem tinha isso nem entrou na pesquisa”, garantiu.


Os pesquisadores sugerem que pessoas com diabetes do tipo 2 tenham, pelo menos, uma avaliação cognitiva por ano após os 60 ou 65 anos de idade, que é a faixa etária mais acometida. O grupo de pesquisa continua acompanhando os pacientes que fizeram parte do primeiro estudo, ampliando para os demais. “A gente quer deixar isso dentro da nossa rotina de atendimento. Esse é o nosso plano inicial” afirmou.


Os pacientes avaliados inicialmente serão objeto de novo exame para verificar se alguém piorou ou se houve alguma melhora. Essa nova investigação será acompanhada pelo setor de Neurologia.


A meta agora é pegar um universo maior de pacientes, além de continuar acompanhando os que fizeram parte da primeira pesquisa, uma vez por ano, pelo menos. A equipe quer fazer parceria também com profissionais de Psicologia, que tem uma área denominada Neuropsicologia, que aplica testes de cognição.


A nova etapa do estudo, já com a área de Psicologia incluída, deve começar em 2023.


Saiba mais sobre o programa de pós-graduação que realizou essa pesquisa:

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