Circuito de cinema ocupa a PUCPR e traz a memória quilombola como tema de reflexão
O colorido dos puffs e dos tapetes ajudaram a mudar o clima do Câmpus da PUCPR em Curitiba no final da tarde da última quarta-feira, 7 de agosto, quando um cinema a céu aberto ocupou a parte externa do Bloco Azul. Mas foram mesmo as cores dos filmes que tornaram tão especial a primeira sessão do Circuito de Cinema Chica Pelega na Universidade.
Aos poucos, o público foi chegando, pegando a sua pipoca e se acomodando. Será que sabiam o tanto de coisas que 3 curtas-metragens poderiam conter? As mais de 150 pessoas que passaram por ali conheceram três histórias, das tantas que compõem as memórias quilombolas desse Brasil tão imenso.
O primeiro filme exibido foi o documentário Antonieta (2015). Na tela, a história de uma mulher, professora e cronista que, no ano de 1935, se tornou a primeira negra a assumir um mandato popular no Brasil.
Disque Quilombola (2012), foi o segundo curta exibido. Nele, crianças do Espírito Santo conversam de um jeito divertido sobre como é a vida em uma comunidade quilombola e em um morro na cidade de Vitória. A brincadeira é a linguagem pela qual os dois grupos falam de suas raízes, revelando o quanto essas infâncias, mesmo que geograficamente distantes, têm mais semelhanças do que diferenças.
E encerrando a sessão, Invernada dos Negros (2021), um documentário que conta uma parte da história da comunidade quilombola Invernada dos Negros, em Campos Novos, município do oeste catarinense. O curta mostra aspectos da cultura e, principalmente, relata as lutas por acesso ao território e à educação.
Dia 14 de agosto tem sessão seguida de debate
Na próxima quarta-feira, 14 de agosto o Circuito de Cinema Chica Pelega chega em sua segunda e última exibição na PUCPR. Mais um dia de cinema ao ar livre, mas dessa vez bem ao lado do Centro Cultural da PUCPR.
Em cartaz, o filme Novo Mundo (2020), de Natara Ney e Gilvan Barreto. A personagem sai rumo a um destino, a princípio, encantador, A Terra Sem Males. Após caminhar por florestas e ruínas, ela percebe que aquele território foi erguido sobre o sangue de muitos povos. Esse conhecimento poderia deixá-la paralisada, criar medo, mas inspira atos de coragem.
A partir do filme “Novo Mundo”, a filósofa Ana Paula Martins vai nos guiar por uma conversa sobre a importância do resgate histórico que nos possibilita ver (ou rever) a história com outros olhos. Uma história que sempre foi contada de uma perspectiva unilateral, e tem como principais consequências o silenciamento e apagamento de diversas culturas e comunidades. De uns tempos para cá, grupos que, até então, tiveram suas identidades construídas por outras pessoas, trabalham para que novas histórias possam ser contadas e identidades construídas a partir da sua própria experiência.
“Quando conseguimos ter a oportunidade de criar contato e conexão com a nossa ancestralidade, mantemos viva a memória daquelas pessoas que não puderam ter voz, pois nós, de certa forma, nos tornamos as vozes dessas pessoas”, diz Ana Paula.
O Circuito de Cinema Chica Pelega
O Circuito tem uma programação com filmes catarinenses e de outros estados, retratando os territórios remanescentes de quilombos, culturas, histórias de vida, dança, infância e resistências.
O nome da mostra e do circuito é uma homenagem à Chica Pelega, líder cabocla combatente na Guerra do Contestado, que aconteceu entre 1912 e 1916, em Santa Catarina.
Saiba mais sobre a exibição e faça sua inscrição clicando aqui.
