Criando o Futuro - PUCPR

Coffee Break

Na era das redes sociais, a atenção e o foco não são mais os mesmos

Veja como o uso de tecnologias e redes sociais podem impactar a percepção de tempo e a atenção das pessoas, inclusive aumentando a impaciência

Nos últimos anos, principalmente após a pandemia, muitos de nós notaram uma alteração significativa na nossa percepção de tempo e na capacidade de atenção, não é verdade? O uso intensificado de tecnologias e redes sociais tem um papel central nesse fenômeno.

Este texto explora como essas ferramentas moldam nossa experiência temporal e cognitiva, influenciando nosso cérebro e, até mesmo, prejudicando nossas sinapses.

A revolução digital e a percepção do tempo

A revolução digital transformou a maneira como lidamos com o tempo. Com o advento das redes sociais, passamos a experimentar múltiplos “agoras” ou momentos simultâneos, que fragmentam nossa atenção.

Essa constante alternância entre diferentes tipos de foco faz com que o tempo pareça passar mais rapidamente. Sobretudo quando estamos imersos em atividades digitais.

Impactos no cérebro: sinapses e atenção

O uso excessivo de dispositivos digitais não apenas altera nossa percepção do tempo, mas também afeta diretamente nosso cérebro – conforme apontam diversos estudos, incluindo uma pesquisa realizada pelo Laboratório Delete, que faz parte do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ).

Isso porque ao interagir com redes sociais, os indivíduos liberam grandes quantidades de dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e recompensa. Essa liberação constante cria um ciclo vicioso. Buscamos cada vez mais essas interações para sentir prazer. No entanto, isso pode prejudicar nossa capacidade de concentração e memória.

Além disso, a multitarefa digital – alternar entre várias atividades online – tem mostrado ser prejudicial à cognição. Quando tentamos equilibrar diferentes “agoras”, perdemos informações vitais e nossa eficiência diminui.

Essa sobrecarga cognitiva pode então levar à sensação de impaciência e frustração, uma vez que não conseguimos completar tarefas de forma satisfatória.

O tempo está passando rápido demais?

E o que essa relação que a humanidade tem com a tecnologia atualmente interfere na percepção de tempo? Será que isso tem a ver com os momentos em que sentimos o tempo passar tão depressa? Ou mesmo com as situações em que ficamos entediados e uma percepção de lentidão toma conta?

Esse é um dos tópicos debatidos ao longo do oitavo episódio do videocast Coffee Break, produzido pela PUCPR. Uma oportunidade de revisitar aquela máxima de que “o tempo é relativo”, que faz muita gente lembrar das aulas de Física.

Acompanham a apresentadora Marina Prata, neste episódio, os professores: Celiane Costa, da pós-graduação em História Contemporânea e Relações Internacionais, e Naim Akel, do curso de Psicologia.

Assista ao episódio “O tempo está passando rápido demais?”:

Qualidade de atenção e fatores contextuais

O professor Naim reforça que a qualidade da atenção que damos aos eventos determina como iremos nos lembrar deles. Com a tecnologia cada vez mais presente em nossas vidas, prestamos cada vez menos atenção nas nossas atividades, pois somos constantemente estimulados e distraídos pelo celular e as redes sociais.

“Hoje, a gente é bombardeado de informação. Nós não conseguimos dar uma atenção focada a cada um dos eventos. E aí a nossa percepção do evento fica fragmentada e a nossa memória também. Porque a atenção é a base de todos os demais processos cognitivos”, observa o professor.

A professora Celiane destaca que a percepção do tempo é também um fator histórico. Diferentes culturas, como as indígenas, não medem o tempo pelo relógio, mas sim pelo sol, pelas épocas de colheita e por outras unidades que fazem mais sentido com seu estilo de vida.

Assim, o tempo como o conhecemos é uma convenção. Inclusive, uma convenção econômica, já que “vendemos” nosso tempo quando trabalhamos para obter dinheiro. “Quando você compra uma coisa, você não está pagando com dinheiro, você está pagando com tempo”, reflete a professora.

Boas práticas para uma relação mais saudável com as redes sociais

Diante desse cenário desafiador, algumas estratégias podem ajudar a retomar o controle sobre nossa atenção e percepção do tempo. Por exemplo:

  • Defina limites: estabeleça horários específicos para uso de redes sociais e entretenimento digital.
  • Pratique mindfulness: técnicas de atenção plena podem ajudar a aumentar a consciência do momento presente.
  • Desconecte-se regularmente: períodos sem tecnologia podem restaurar sua capacidade de foco e percepção temporal.
  • Priorize atividades offline: ler um livro ou praticar esportes pode proporcionar uma experiência temporal mais rica.

Veja mais do Coffee Break

Por fim, ficou com vontade de assistir a mais bate-papos sobre atualidades e temas de comportamento? Então você pode acessar a playlist completa do Coffee Break no Youtube, com todos os episódios no formato videocast. No site da PUCPR, estão disponíveis também as temporadas anteriores, somente no formato de podcast.

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