Certamente, a relação da humanidade com a natureza precisa mudar. Por onde começar para que essa disposição não fique apenas no discurso?
Tendo em vista um mundo cada vez mais urbanizado e marcado por uma crescente crise climática, a conexão com a natureza tornou-se mais fundamental do que nunca. Principalmente no contexto pós pandemia de Covid-19, que evidenciou a importância de uma transformação.
As mudanças no clima estão transformando paisagens e impactando ecossistemas de maneiras alarmantes. Sem dúvida, é nossa responsabilidade coletiva buscar alternativas mais para mitigar esses efeitos.
Mas como podemos, na prática, reverter esse quadro? Como podemos nos reconectar com o meio ambiente e adotar hábitos mais sustentáveis no nosso dia a dia? Além disso, o que mais precisamos fazer?
Mudanças necessárias
É sobre isso que falam os convidados do quinto episódio do videocast Coffee Break.
O material é produzido pela PUCPR e, neste bate-papo, conta com a participação de Olívio Jekupé, escritor do povo guarani; Leana Ferreira, professora da pós em Cidades e Construções Sustentáveis; e Thiago Vasconcelos, estudante do pós-doutorado em Filosofia.
Em síntese, eles abordam maneiras de se aproximar da natureza e como mudar nossos hábitos para alternativas mais ecológicas. Bem como o que a ciência prevê sobre a época da ebulição global, que os especialistas apontam como a sucessora do aquecimento global.
Em seguida, assista ao episódio “Ebulição global: como mudar nossa relação com a natureza?”:
Colonialismo x ensinamentos dos povos indígenas
Primeiramente, podemos voltar nossa atenção para a maneira de ser e estar no mundo dos povos indígenas. Sobretudo o respeito pela natureza e seres que nela vivem. Aspecto que se mostra, por exemplo, na lógica de usar somente o necessário, em contraposição ao consumismo desenfreado.
As contribuições de Olívio Jekupé durante o programa, por exemplo, chamam a atenção para as consequências do colonialismo e do desrespeito à cultura dos povos indígenas. Ao recordar a chegada dos portugueses ao Brasil, ele comenta como os colonizadores queriam usar a natureza para lucrar, enquanto os indígenas queriam simplesmente viver.
“Nós temos uma cultura de viver com a floresta. (…) Quando você está respeitando a floresta, você está respeitando tudo. Porque em tudo há uma ligação”, explica o escritor.
Consequências dos hábitos de consumo
De acordo com a professora Leana Ferreira, engenheira ambiental de formação, uma preocupação real com a natureza está intimamente ligada aos hábitos de consumo do dia a dia. E não somente aos modismos.
“Será que a gente dá privilégios ou dá mais atenção para um produto que tenha uma preocupação maior, uma marca, uma empresa que tenha a mesma preocupação que a gente tem ou não?”, questiona. Ou será que pensamos somente no produto que é mais barato ou mais acessível?
“Nem sempre a empresa vai conciliar as nossas ‘querências’, os nossos desejos de conforto, com um ambiente que seja protegido e conservado, que tenha um uso racional, que não esteja sendo explorado ao máximo”, observa a professora.
Natureza x interesses mercadológicos
Segundo o doutorando Thiago Vasconcelos, que também é professor de Filosofia, os seres humanos estão causando mudanças significativas na forma como o Planeta Terra funciona. Essas mudanças geram consequências que podem levar à extinção da espécie humana e de outras formas de vida no futuro, se mudanças substanciais não forem feitas com urgência.
Isso tem relação com a visão ocidental predominante, dos humanos enquanto seres destacados da natureza e não como parte dela. Nesse sentido, Thiago questiona que tipo de vínculo nós temos com a natureza. E como ele é perpassado por visões mercadológicas.
“Quando a gente fala de desenvolvimento sustentável, podemos perguntar: que tipo de desenvolvimento? Há desenvolvimentos que não são sustentáveis e que devemos recusá-los”, comenta o professor.
Finalmente, vamos falar das crianças e da força do exemplo?
Olívio Jekupé acredita que, para que os ensinamentos dos povos indígenas possam ser levados em consideração na sociedade como um todo, é preciso deixar os preconceitos de lado e ter disposição para compreender uma visão de mundo diferente.
“A gente tem que aprender a respeitar a floresta desde pequeno, porque aí no futuro a gente vai ter uma vida melhor”, defende. Por isso, ele afirma que é tão importante falar sobre isso com as crianças e dar o exemplo. “As crianças vão vendo as coisas. A gente não ensina. A gente faz as coisas e as crianças aprendem naturalmente”, destaca Olívio, sobre a maneira que os povos indígenas têm de preservar seus conhecimentos pelas gerações.
Além disso, Olívio enfatiza a valorização da simplicidade. Bem como o poder da natureza se regenerar. E ressalta como preservar pode ser muito mais barato do que lidar com as consequências da poluição e da degradação.
Mais episódios do Coffee Break
Quer ouvir e assistir mais? Então você pode acessar, no Youtube, a playlist completa com todos os episódios do Coffee Break no formato videocast. Além disso, as temporadas anteriores, somente no formato de podcast, estão disponíveis no site da PUCPR.
Em suma, a iniciativa trata de temas de comportamento e atualidades que podem inspirar o dia a dia. Vale passar um café e curtir esses bate-papos.