É preciso entender a história além da perspectiva de quem venceu
No dia 14 de agosto, o Circuito de Cinema Chica Pelega, por meio do curta quilombola “Novo Mundo,” proporcionou uma discussão sobre a construção de um novo mundo que valoriza a ancestralidade e os ensinamentos da comunidade negra.
O racismo continua sendo um tema delicado que muitos hesitam em abordar, resultando na criação de tabus e estereótipos. No entanto, quando conseguimos estabelecer espaços de diálogo e escuta, como os proporcionados pelo PUCPR Cultura na Mostra de Cinema, abrimos a possibilidade de (re)construir esse novo mundo.
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Sabemos que a história foi construída de forma unilateral, ou seja, nós aprendemos e discutimos os fatos sob uma única perspectiva, a dos “vencedores.” Criar ambientes na Universidade que possibilitem aos estudantes aprender a história sob diferentes óticas nos permite ressignificar o passado, valorizando as contribuições das pessoas negras para a sociedade. Chimamanda Ngozi Adichie, em seu livro “O Perigo de uma História Única,” afirma:
“É impossível falar sobre a história única sem falar sobre poder. Existe uma palavra em igbo na qual sempre penso quando considero as estruturas de poder no mundo: nkali. É um substantivo que, em tradução livre, quer dizer ‘ser maior do que outro’. Assim como o mundo econômico e político, as histórias também são definidas pelo princípio de nkali: como elas são contadas, quem as conta, quando são contadas e quantas são contadas depende muito de poder. O poder é a habilidade não apenas de contar a história de outra pessoa, mas de fazer com que ela seja sua história definitiva.”
A escravidão é uma mancha na história que não pode ser apagada, mas podemos criar espaços onde as pessoas tenham acesso ao lado negligenciado dessa história.