O que faz uma pessoa mudar? Como mudar de vida? Embarque em uma reflexão leve, e ao mesmo tempo profunda, a partir da psicologia e da psicanálise
Você já se pegou cogitando mudar de vida, mas acabou ficando só no pensamento porque o plano parecia tão complicado quanto montar um móvel sem manual? Quem nunca se perdeu em pensamentos imaginando como seria se alguém passasse a agir de forma diferente?
As pessoas mudam? Eu consigo mudar? Será que essa pessoa um dia vai mudar? Todos esses costumam ser pensamentos comuns da humanidade. Questões que não são apenas profundas, mas também fundamentais para entendermos nossa própria jornada de autodescoberta e crescimento.
De certa forma, a mudança é uma constante na vida humana. Mas o questionamento sobre se realmente podemos mudar (e o que nos impulsiona a transformar nossas vidas) é complexo e fascinante.
A boa notícia é que mudar de vida não precisa necessariamente ser um drama épico. Às vezes, tudo que precisamos é de uma dose de coragem e “auto(des)conhecimento”.
Para assistir e refletir sobre mudanças de comportamento
Esses questionamentos e reflexões estão presentes no terceiro videocast do Coffee Break, material produzido pela PUCPR, em uma série especial sobre mudanças e seus desdobramentos.
O bate-papo contou com a participação de Ana Suy Sesarino, escritora e professora da pós-graduação em Psicanálise e Psicopatologia Lacaniana da PUCPR, e de Cássia Rodrigues, professora da pós-graduação em Avaliação Psicológica.
A psicologia e a psicanálise oferecem respostas intrigantes e diversas sobre esses temas. Elas exploram os mecanismos internos que motivam as mudanças, desde os padrões de comportamento até as forças inconscientes que influenciam nossas decisões.
Em seguida, assista ao terceiro episódio completo, intitulado “Mudança de vida: pessoas mudam? Eu posso mudar?”:
Mudar faz parte do crescimento
De acordo com a professora Cássia Rodrigues, mudanças acontecem sim, embora sejam mais raras as transformações de um extremo para o outro. “É possível mudar. Podemos pensar em mudanças mais gradativas. E se vão ser benéficas para a pessoa”, enfatiza.
Ou seja, muitos dos nossos traços podem ser atenuados ou modificados, se acreditarmos que a mudança é necessária e que ela nos trará algum benefício. Outras vezes, as transformações acontecem de maneira gradual e até sem pensar. “É muito bacana a percepção de que essas mudanças aconteceram e você nem percebeu. É o curso de um processo de desenvolvimento natural. Que bom que podemos mudar, que podemos ter outro jeito de ser”.
A professora observa que as possibilidades de mudança nos acompanham ao longo de toda a vida, mesmo com o passar da idade. Haverá momentos em que essas mudanças serão “convidadas” mais fortemente a acontecer, a partir de tomadas de decisões ou circunstâncias que se apresentem em sua vida. Em outros momentos, isso acontece de maneira mais sutil.
Além disso, Cássia reforça que é muito importante pensar para quem a mudança é boa, pois nem sempre o indivíduo é o problema. Às vezes, é o outro ou o próprio ambiente que precisam mudar.
Desconforto que leva a mudar de vida
Ana Suy destaca que a mudança sempre vem de algum processo de desconforto. Em geral, não mudamos se estamos bem e confortáveis, mas sim se há algo em nós criando algum tipo de sofrimento. Se há um motivo que faça sentido para mudar.
Ela também chama a atenção para ideias muito rígidas sobre a essência do ser. “Em termos práticos, não existe essa ideia de meu verdadeiro eu. Ou minha verdadeira essência. Porque tudo vai depender de como a gente compõe a nossa imagem de eu. Então o que existe é a maneira como a gente acredita que a gente é visto pelo outro e a maneira pela qual a gente se vê. E a maneira como a gente se vê é composta pela maneira que a gente se vê sendo visto pelo outro”, explica.
Para a professora, às vezes a mudança exige abrir mão da imagem que temos de nós mesmos, para deixar uma novidade entrar e experimentar um novo modo de existir. “Não existe mudança sem perda. A gente muitas vezes não gosta de mudar porque não gosta de perder”, acrescenta Ana.
Por isso, Ana sugere a ideia de “autodesconhecimento”, compreendido como um processo em que nós vemos a nós mesmos para fora dessas “limitações” que criamos sobre quem somos. Abrindo, assim, diversas possibilidades de ser e estar no mundo.
Processos individuais e coletivos
Ao longo do videocast, também foi abordada a ideia de mudar por alguém. E o impacto que uma mudança individual, primeiramente solitária, também pode causar no entorno.
“Quando a gente muda por causa de alguém é por causa da gente, né? Porque você está querendo ser amado ou ser aceito pelo outro, ser desejado pelo outro, caber naquilo que você supõe que o outro quer, que o outro demanda. E quando a gente muda pela gente, também tem algum tipo de relação com o outro, já que nós somos seres sociais, de linguagem, de relações. Depende da tônica da interpretação se é mais por mim ou pelo outro. Mas são sempre as duas coisas ao mesmo tempo”, reflete Ana Suy.
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Curta a playlist completa do Coffee Break
Em suma, o podcast Coffee Break propicia conversas sobre temas de comportamento e atualidades. A proposta é abordar diversos assuntos de maneira leve, com a participação de professores, pesquisadores, estudantes, especialistas e expoentes do mercado. Desde 2023, o conteúdo passou a ser gravado também no formato de videocast.
Neste link está a playlist de todos os episódios em vídeo. Você pode deixar seus comentários diretamente no Youtube. Além disso, estão disponíveis no site da PUCPR as temporadas anteriores, somente em áudio.