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Cultural

O que as comunidades quilombolas remanescentes têm a nos ensinar 

Parte importante da história brasileira, os quilombos são resistência e força da identidade negra e nos ensinam sobre o respeito à vida e valorização da memória coletiva

Há quem ignore ou ainda não entenda a importância da presença das comunidades quilombolas na história do país, principalmente nos estados da região Sul. Para falar da constituição do Brasil, é preciso tratar das populações africanas.

Uma representação forte da resistência negra à escravização, além de uma defesa à discriminação racial e construção da identidade, as comunidades quilombolas têm um novo significado hoje. Esses espaços carregam a memória material, religiosa e os modos de vida de antepassados, mantidos por descendentes até os dias atuais.  

Na língua banto, que deu origem a diversas línguas africanas, o quilombo significa “povoação”. Ali era o espaço físico de resistência à escravidão, segundo a Fundação Cultural dos Palmares. O Paraná possui comunidades quilombolas espalhadas por todo o estado. Segundo dados do Censo 2022, mais de 7 mil paranaenses se declararam quilombolas, com 648 moradores em áreas reconhecidas como quilombos.

Quilombos: o passado e o presente

Entender que os quilombos um dia existiram e ainda existem contribui com a visualização do passado e reconhecimento da história do país. Formado por descendentes de escravizados fugitivos durante esse período, os quilombos são parte do Brasil desde o século 16. No período colonial e imperial, eram uma forma de resistência e reivindicação de condições dignas de vida. Assim, organizados em comunidades, mantinham suas culturas de origem e reconstituíam o modo de vida de onde vieram.

O quilombo mais conhecido no Brasil, que todos já estudaram um dia na escola, é o Quilombo dos Palmares, localizado onde hoje é o estado de Alagoas. Chegou a ter 20 mil habitantes e foi o maior durante o período colonial. O Dia da Consciência Negra, por exemplo, em 20 de novembro, é uma alusão ao dia em que um dos líderes desse quilombo, Zumbi dos Palmares, foi capturado e morto.

De acordo com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), os remanescentes de quilombo são definidos como grupos étnico-raciais. Possuem uma trajetória histórica própria e carregam a ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.

Este grupo é reconhecido na Constituição Federal do Brasil, que estabelece o direito dos afrodescendentes: “Aos remanescentes das Comunidades de quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes títulos respectivos”, no Art. 68/ADCT/CF1988.

Em meio a tanto o que aprender, os quilombos representam a diversidade e o conhecimento rico passado de geração em geração. Porém, o cenário enfrentado no país é de invisibilidade e risco de desapropriação de terras, em meio a uma negação de direitos pelo racismo. Mais de 98% dos territórios quilombolas estão ameaçados, como consta no levantamento do Instituto Socioambiental (ISA).

Disciplina eletiva de História e Cultura: africana, afro-brasileira e indígena

A PUCPR tem como missão construir uma sociedade mais justa e inclusiva. Por isso, os cursos de História e Teologia, da Escola de Educação e Humanidades, ofertam a disciplina de História e Cultura: africana, afro-brasileira e indígena. Estudantes da Universidade podem se matricular.

Veja outras oportunidades dentro da Escola de Educação e Humanidades clicando aqui.

Circuito de Cinema retrata as resistências quilombolas do país

Nos dias 7 e 14 de agosto, a PUCPR recebe o Circuito de Cinema Chica Pelega. Com exibição gratuita de filmes, o circuito traz diferentes olhares e perspectivas das populações que constituem o caboclo e as resistências das comunidades quilombolas. O momento traz reflexões sobre as lutas dos antepassados, o direito ao território, à terra e às culturas.

Saiba mais sobre as exibições e faça sua inscrição clicando aqui.

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